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Governo italiano contraria sindicato e fará negociações separadas na reforma do mercado de trabalho

O governo italiano decidiu realizar encontros separados com as principais centrais sindicais do país para negociar mudanças na reforma do mercado de trabalho proposta no pacote de ajustes econômicos.

A orientação, informada por fontes do Executivo à ANSA, é para que a ministra do Trabalho e Políticas Sociais, Elsa Fornero, realize já na próxima semana reuniões "bilaterais" em separado com as quatro maiores centrais sindicais tendo como único ponto da pauta a reforma do mercado de trabalho.

O presidente do Conselho de Ministros, Mario Monti, pode participar das negociações só na fase final.

A decisão contraria o pedido da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL, na sigla em italiano), para quem os encontros em separado "tornam tudo mais complicado e demorado", conforme a entidade expressou em sua conta no microblog Twitter.

Já o governo acredita que uma convocação para uma negociação coletiva adiaria a possibilidade de se chegar a um acordo.

A CGIL defende um plano de emprego que incentive a abertura de novos postos de trabalho para jovens e mulheres com treinamentos inclusos e que preveja amortizadores para quem perde o posto de trabalho "em qualquer idade e em qualquer empresa". 

Sobre o tema, o presidente italiano Giorgio Napolitano disse hoje (3) em conversa com jornalistas em Nápoles que "as organizações sociais defendem certa visão dos interesses gerais do país, e não apenas interesses de categoria".

Ele ainda observou que "há uma necessidade amplamente reconhecida por todos que é repensar as amortizações sociais".

Em sua avaliação, a Itália passa atualmente por "um clima mais sereno do ponto de vista político e da opinião pública em relação a anos passados" e com uma "maior consciência de todos sobre problemas a enfrentar".

Mudanças laborais e sindicatos furiosos:

"Il professore" (o professor) apressa mais medidas e planeja regras e esquemas para construir um novo mercado de trabalho na Itália, mais em sintonia com as exigências da Europa e da crise, mas os sindicatos de trabalhadores, desde ontem,  estão em pé de guerra contra o premier Mario Monti.

O chefe do governo italiano não se abala e já anunciou que buscará "um acordo" com os sindicatos, mas também alertou que a sua administração atuará rapidamente para aprovar as reformas e garantir o crescimento econômico.

Em uma conversa por telefone com os líderes dos três principais sindicatos do país (CGIL, CISL e UIL), realizada na véspera, Monti disse que tentará acertar com eles as medidas previstas para intervir no mercado de trabalho.

No entanto, ele advertiu que pretende ter as reformas resolvidas antes do próximo dia 7, quando da reunião do seu gabinete. Portanto, se não houver acordo, as medidas entrarão igualmente em vigor.

Os líderes sindicais ficaram furiosos porque a famosa "fase dois" das reformas para a recuperação econômica se baseiam principalmente na reforma do sistema laboral e da concorrência.

Os sindicalistas opinam que a reforma vai deixar os trabalhadores ainda mais expostos e, mais uma vez, será ajustada "pelo lado mais fraco".

A secretária-geral da CGIL, Susanna Camusso, advertiu que "nos próximos meses a recessão terá um impacto muito duro sobre o emprego e a renda".

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