
A chama das Olimpíadas de Inverno de 2026, que serão realizadas em Milão e Cortina d’Ampezzo, na Itália, foi acesa em uma cerimônia na histórica cidade de Olímpia, na Grécia, berço dos Jogos Olímpicos da Antiguidade.
A honra coube à atriz grega Mary Mina, que interpretou uma “grande sacerdotisa” da Grécia Antiga em um evento no Museu Arqueológico de Olímpia, diante de uma sugestiva estátua de Nike, a deusa da vitória, esculpida por Paionios por volta de 420 a.C.
Tradicionalmente, a chama é acesa por meio de um grande espelho parabólico no Templo de Hera, ao lado do estádio que abrigava os Jogos Olímpicos da Antiguidade, mas o mau tempo nesta quarta na Grécia fez com que a cerimônia fosse transferida para um espaço coberto.
Após o acendimento, a “grande sacerdotisa” ofereceu a chama para o primeiro condutor, o remador grego Petros Gkaidatzis, medalhista de bronze nas Olimpíadas de Verão de Paris, em 2024, e que acendeu a tocha dos Jogos de Milão-Cortina.
Batizado de “Essenziale” (“Essencial”) por conta de seu design minimalista, o objeto é feito de uma liga de alumínio e latão reciclados e pesa 1060 gramas.
Gkaidatzis foi acompanhado por Stefania Belmondo, lenda do esqui cross-country italiano, com 10 medalhas olímpicas, até as estrelas de mármore que indicam o local do túmulo onde está a urna de bronze com o coração do barão Pierre de Coubertin, criador das Olimpíadas modernas.
Em seguida, foi a vez do também italiano Armin Zoggeler, conhecido como “o canibal” devido à sua notável série de vitórias no luge — modalidade na qual os competidores descem uma pista de gelo deitados de costas em pequenos trenós, alcançando mais de 150 quilômetros por hora —, incluindo o feito de ser o primeiro a conquistar seis medalhas individuais em seis Olimpíadas consecutivas, de 1994 a 2014.
A cerimônia também foi marcada por um apelo de paz por parte do prefeito de Olímpia, Aristides Panagiotopoulos. “Aqui a história vive ao nosso redor e não está relegada ao passado. Ela continua ensinando que a paz pode brotar de um pequeno vale e se tornar um bem global. O ser humano tem direito a uma vida sem medo e sem guerra”, declarou, acrescentando que o acendimento da chama olímpica “nos lembra dos valores do respeito à vida, da justiça e da fraternidade”.
“Em um mundo onde as tensões aumentam e as armas falam, Olímpia exige que se ouça a voz de uma ética que coloca a humanidade no centro, que rejeita a guerra e apela à proteção das crianças. A chama não pode parar a guerra, mas pode levar luz à escuridão”, ressaltou o prefeito.
Ao longo das próximas semanas, a tocha olímpica atravessará todas as províncias italianas e todos os locais do país tombados como patrimônio da humanidade pela Unesco, com destaque para aqueles da Antiguidade, como o sítio arqueológico de Pompeia, no sul do país.
“Cada passo que eu e os milhares de corredores dermos nas próximas 10 semanas lembrará ao mundo o poder do esporte para construir pontes, derrubar barreiras e criar um futuro mais saudável e sustentável”, assegurou o presidente da Fundação Milão-Cortina, Giovanni Malagò.
As Olimpíadas de Inverno serão realizadas entre 6 e 22 de fevereiro de 2026, voltando à Itália 20 anos depois dos Jogos de Turim, em 2006. Antes disso, o país já havia sediado o megaevento em 1956, na própria Cortina d’Ampezzo, um dos destinos de inverno mais concorridos da Europa Ocidental.



