
O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, criticou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de descartar a proposta do papa Leão XIV de usar o Vaticano como sede das próximas rodadas de negociações diretas entre Moscou e Kiev, na tentativa de alcançar um acordo de cessar-fogo na guerra na Ucrânia.
“Putin aparentemente considera qualquer oferta de diálogo como um sinal de fraqueza”, declarou ele durante uma conferência em Berlim Merz enfatizou que, “se Putin recusar até mesmo um encontro no Vaticano”, é preciso se “preparar para a ideia de que essa guerra será mais longa do que podemos imaginar ou esperar”.
“E em qualquer caso, devemos fazer todas as tentativas possíveis”, acrescentou.
Na semana passada, o papa Leão XIV confirmou sua disponibilidade em sediar no Vaticano as próximas negociações sobre o conflito no leste europeu, na tentativa de Rússia e Ucrânia chegarem a “uma paz justa e duradoura”.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que “é improvável” que Moscou aceite a proposta do primeiro pontífice norte-americano da história da Igreja Católica.
Segundo o russo, um encontro entre as delegações russa e ucraniana em um local católico seria “irrealista”, tendo em vista que a Rússia é um país de viés cristão ortodoxo. Apesar disso, declarou que “ainda não há decisão ou acordo sobre a próxima plataforma de negociação” e que “essa decisão não pode ser tomada apenas por um lado”, mas “requer o consentimento de ambos”.
Hoje, Sviatoslav Shevchuk, Arcebispo-mor de Kiev e chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, disse que, “apesar destes dias difíceis, o povo ucraniano continua vivendo na esperança de paz, aquela paz que eles constroem à custa de suas próprias vidas, pela qual rezam e realizam peregrinações aos lugares sagrados da Ucrânia”.
“É dessa paz que o papa Leão XIV continua a falar incansavelmente, convidando ao Vaticano aqueles que estão dispostos a sentar-se à mesa de negociações, um apelo que ele renova constantemente”, lembrou o religioso.
De acordo com Shevchuk, no entanto, “ouvimos da Rússia um gesto de desprezo, recusando-se não apenas a dialogar, mesmo com a Santa Sé, mas também a qualquer outro passo importante para pôr fim à guerra, mesmo que por um curto período”.
“Apesar desses esforços talvez infrutíferos, continuamos a viver, a trabalhar, a rezar, a ter esperança. Por isso, queremos que o mundo inteiro nos ouça mais uma vez: Ucrânia resiste! Ucrânia luta! Ucrânia reza!”, enfatizou o arcebispo-mor.