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Chefe da Procuradoria de Milão defende escutas de conversas do primeiro-ministro Silvio Berlusconi

O chefe da Procuradoria de Milão, Edmondo Bruti Liberati, disse que não houve nenhum erro de seu escritório pela transcrição de quatro telefonemas de Silvio Berlusconi – publicados pela imprensa italiana – apesar da lei prescrever que, sem autorização do Parlamento, as interceptações de conversas de um legislador devem ser destruídas sem serem transcritas.

"Não houve erro na transcrição parcial e na deposição destas conversas telefônicas", disse Bruti Liberati em um comunicado, acrescentando que as escutas se realizaram "no mais rigoroso respeito dos limites estabelecidos por lei".

O procurador milanês disse que "no fascículo disponível só para a defesa" de Berlusconi "foram incluídas transcrições parciais de algumas conversas nas quais (o premier, ndr) resulta ser o interlocutor", o que significa que o telefone interceptado era de outra pessoa.

Estas transcrições, destaca Bruti Liberati, foram necessárias para pedir ao juiz competente a autorização para prorrogar as interceptações, como exige a lei, e foram incluídas no processo como garantia do direito da defesa.

Pouco depois da divulgação da nota da Procuradoria de Milão, os advogados do premier – Niccoló Ghedini e Piero Longo – responderam a Bruti Liberati sem rodeios. 

"As interceptações estavam no poder não só da defesa, mas principalmente da própria Procuradoria de Milão que, em vez de ocupar seu tempo para escrever comunicados à imprensa deveria investigar – ou talvez devesse fazê-lo outra procuradoria – para descobrir quem entregou as interceptações à imprensa", disseram os advogados do premier.

De acordo com Longo, "a publicação destas escutas do premier se transformará em um bumerangue para a Procuradoria, porque as pessoas vão perceber o que eles estão fazendo e acabarão questionando os juízes: supõem-se que vocês só façam coisas boas e corretas e depois deixam escapar algo deste calibre?".

Bruti Liberati observou que, embora a publicação do conteúdo das interceptações não implique um crime por parte dos jornais que o fizeram, o episódio resultou bastante incômodo para a Procuradoria de Milão.

A própria Procuradoria, de fato, explicara oficialmente em 9 de fevereiro que não solicitou a autorização da Câmara dos Deputados para usar o conteúdo das escutas – nas quais aparece Berlusconi, em suas investigações porque "elas seriam destruídas, por serem irrelevantes ao propósito da investigação".

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