Pão, massa, açúcar, óleo, queijos, enlatados, produtos de higiene pessoal e para a casa, comida para bebês, frutas, e verduras, entre outras coisas, a preços simbólicos ou até mesmo de graça para quem demonstra viver com dificuldade. Isso é o que oferecem os "mercados sociais", que não param de se espalhar pela Europa e representam uma ajuda anticrise para aquele cujos salários não chegam ao final do mês. Tais negócios já somam mais de mil no continente e estão presentes em países como Áustria, Itália, França, Bélgica, Romênia, Luxemburgo, Suíça e Grã Bretanha.
Essas lojas, voltadas para as parcelas mais frágeis da sociedade, são criadas de maneira voluntária e apoiadas por entidades públicas e privadas, que participam fornecendo estrutura, assistência e meios de transporte. As mercadorias, inclusive algumas de alta qualidade, são obtidas por meio de supermercados, atacadistas e grandes redes de distribuição.
Os produtos são todos perfeitamente comestíveis e utilizáveis, mas não podem ser vendidos em comércios normais porque estão perto da data de validade, são sazonais ou possuem pequenos defeitos, como embalagens danificadas ou deformadas. Os "clientes" podem pegá-los gratuitamente (às vezes se pede em troca algumas horas de trabalho voluntário) ou a preços mínimos. Em média, os valores praticados são cerca de 70% menores do que os regulares. Na Itália, é possível encontrar pacotes de bolacha por menos de 50 centavos de euro (R$ 1,6) ou garrafas de suco a 13 centavos (R$ 0,41).
Entre as várias iniciativas do tipo que existem, a Associação Terceira Semana abriu mercados sociais em Turim e Milão, sendo este último em um imóvel confiscado da máfia. O beneficiário enviado à loja tem direito de escolher os produtos que prefere por um valor total fixo de 20 euros (R$ 64). Para os idosos e deficientes, o local oferece ainda um serviço de entrega em domicílio de frutas e verduras gratuitas.
Em Modena, uma entidade beneficente criou o Portobello, onde as mercadorias não têm um preço em euro, mas em pontos, que são descontados de um cartão especial. Cada família tem direito a comprar no lugar por um máximo de dois anos, medida que tem como objetivo encorajar os usuários a alcançar uma situação de autonomia financeira.