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Prefeitura de Roma realizará enquete sobre a polêmica estátua inaugurada de João Paulo II

A prefeitura de Roma pretende realizar uma enquete online em seu site para avaliar a opinião dos cidadãos sobre a estátua recém-inaugurada de João Paulo II, após a polêmica gerada sobre sua qualidade. O prefeito Gianni Alemanno, que inaugurou a obra do escultor Oliviero Rainaldi ao lado do cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, disse em entrevista à Rádio Vaticana que ouvirá "com muita calma" as opiniões das pessoas sobre a obra.

"Se o julgamento das pessoas não for positivo e elas não a considerarem representativa de João Paulo II, então talvez poderão ser feitas algumas mudanças".

Fontes internas da prefeitura disseram que a pesquisa ainda é só uma hipótese.

A polêmica surgiu com um artigo do jornal vaticano L'Osservatore Romano, que definia a estátua como uma obra que "peca pela escassa reconhecibilidade". Em entrevista à ANSA, o diretor do periódico, Giovanni Maria Vian, atenuou a crítica, afirmando que a opinião é uma "contribuição ao debate no plano cultural" e reconheceu a "importância da iniciativa da prefeitura de Roma" com a inauguração.

Também se manifestou contra a estátua a Associação Nacional Papaboys, um grupo católico italiano de apoio ao Papa, que expressou "enorme perplexidade frente à inadequação da estátua dedicada ao beato Karol Wojtyla". 

"Se a intenção era festejar o aniversário do Beato João Paulo II com uma 'excelente ideia', em nossa opinião, isso não foi alcançado. Ainda que a intenção de Rainaldi não seja discutível, o resultado exposto em frente à estação 'João Paulo II' não merece nenhuma apreciação", opinou a associação.

Para o grupo, "o rosto e a própria estátua" não fazem "justiça à lembrança que o mundo tem de Karol Wojtyla" e "não expressa o sentido do abraço de acolhimento que era suposto". "Seria melhor que no centro de Roma se erguesse um monumento comemorativo que de fato representasse o Santo Padre, não só pelo que ele representa para nós, como pelo sentido que deixou no mundo inteiro", disse a  associação.

A estátua foi colocada na praça dos Quinhentos, em frente à Estação Termini, na região central da capital italiana. O prefeito explicou que o significado da estátua é  representar o "acolhimento" e a "proteção" "no centro de Roma, nesta porta maravilhosa da cidade". 

Frente às críticas, Alemanno explicou que a obra só foi instalada depois da  avaliação de "autoridades religiosas – que aprovaram o esboço da estátua", e da Superintendência dos Bens Culturais de Roma. Segundo ele, a inauguração foi um trabalho "independente de decisões políticas" e "não custou um só euro" para o Campidoglio porque foi doada. 

Por sua vez, o superintendente do setor, Umberto Broccolo, declarou que "a estátua de João Paulo II foi avaliada pelas autoridades vaticanas e pelo Ministério dos Bens Culturais a partir de fotos" tiradas durante a realização da obra e submetidas à avaliação técnica da superintendência e à avaliação artística das "hierarquias vaticanas". 

Sobre as críticas, ele as comparou com polêmicas sobre outras obras históricas. "A obra de arte necessariamente cria debate", comentou, recordando a disputa entre Michelangelo e o papa Júlio II, e do "escândalo" com a divulgação das pinturas de Caravaggio.

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