
Um cosmólogo italiano da Universidade de Fudan, na China, propôs enviar uma microssonda do tamanho de um clipe de papel para estudar um eventual buraco negro situado a 20 anos-luz da Terra.
A proposta foi apresentada por Cosimo Bambi em um artigo na revista iScience e teria como objetivo aprofundar o conhecimento a respeito dos objetos mais misteriosos do cosmos, onde as leis da física chegam a extremos paradoxais.
A missão é baseada em dois desafios principais: encontrar um buraco negro próximo o suficiente e desenvolver sondas capazes de fazer a viagem.
Achar esses objetos que, por definição, não emitem luz era um desafio quase intransponível alguns anos atrás, mas hoje existem até fotografias de buracos negros supermassivos, como aquele situado no centro de nossa galáxia, a Via Láctea.
Estatisticamente, é possível que existam buracos negros estelares, ou seja, de tamanho bastante compacto, hoje impossíveis de se localizar, a apenas 20 anos-luz da Terra, mas Bambi acredita que em duas décadas teremos tecnologias capazes de descobri-los.
Uma vez identificado o alvo, o segundo desafio seria alcançá-lo. Essa jornada seria impossível para sondas espaciais tradicionais, mas não para microssondas pesando apenas um grama, compostas por um microchip e uma vela de luz. Lasers terrestres atingiriam a vela com fótons, acelerando a sonda a um terço da velocidade da luz.
Dessa forma, o equipamento poderia alcançar um buraco negro a 20-25 anos luz da Terra em menos de 80 anos.
“Pode parecer loucura e, de certa forma, mais próximo da ficção científica, mas também se dizia que nunca detectaríamos ondas gravitacionais porque elas eram muito fracas. E, no entanto, conseguimos, 100 anos depois. Acreditava-se que nunca observaríamos as sombras de buracos negros. Agora, 50 anos depois, temos imagens de dois deles”, declarou Bambi.