"A boa notícia é que a Itália, a terceira economia da zona do euro, não é como a Irlanda ou a Grécia. A má notícia é que a Itália é como Portugal", que "cresce tão lentamente" que seu rendimento fiscal poderia ser insuficiente para cobrir suas necessidades de financiamento, escreveu na segunda-feira Irwin Stelzer, economista do Hudson Institute, no Wall Street Journal.
A "pior notícia" é que a economia italiana é maior que a da Espanha, país considerado "grande demais para quebrar", mas que a zona do euro não poderia, de qualquer forma, salvar, acrescentou.
Por enquanto, a Itália não sofre ainda uma ameaça direta de um possível contágio, diferente de Portugal e Espanha. No entanto, o país poderia ser pego pela tempestade, já que a ajuda financeira decidida este fim de semana na Irlanda não levou tranquilidade aos mercados, que temem que a crise se espalhe para os mais debilitados.
Por causa de sua dívida pública, a Itália poderia ser um deles, pois é uma das mais elevadas do mundo e representa 120% do seu PIB.
No entanto, apesar desta dívida, Roma conseguiu até agora tranquilizar os mercados a limitar o aumento de seu déficit público e adotar, em julho, uma medida de austeridade que lhe permita reduzir este déficit a 2,7% em 2012.
No entanto, na segunda-feira a Comissão Europeia se mostrou pessimista ao prever um déficit de 3,5% em 2012, e não excluiu que a Itália deva tomar medidas suplementares para alcançar seu objetivo inicial.
Além disso, a Itália trava uma batalha entre o chefe de governo, Silvio Berlusconi, e o presidente da Câmara de Deputados, Gianfranco Fini, que poderia provocar a queda do "Cavaliere" em uma votação crucial no Parlamento, prevista para 14 de dezembro.
A situação preocupa os mercados, já que "o risco seria entrar em um período de incertezas sem liderança clara, o que pode afetar o crescimento", que já é estruturalmente frágil, destacou Gianluca Spina, diretor do MIP, a escola de comércio da Universidade Politécnica de Milão.
O Tesouro italiano disponibilizou cerca de 7 bilhões de euros em obrigações, mas sua taxas de juros aumentaram com força desde então. Na terça-feira, a diferença entre a taxa do bônus italiano e o 'bund' alemão – que serve de referência – aumentava, por sua vez, 209 pontos básicos (2,09%).
No entanto, Berlusconi, que demonstra um otimismo inabalável, pediu na noite de segunda-feira "confiança" para sair da crise. No entanto, um de seus colaboradores mais próximos, Gianni Letta, expressou, nesta terça-feira, a "forte inquietação" diante das "turbulências" nos mercados.
"Objetivamente, sobre a base de dados fundamentais da Itália, a reação parece excessiva, mas o pânico toma conta dos mercados, e a crise de confiança no euro entra numa fase mais perigosa", afirmou à AFP Marco Valli, chefe de economia para a zona do euro do UniCredit.
Segundo Valli, os mercados não acreditam que a Itália tenha que recorrer a um plano de ajuda como a Grécia ou a Itália, devido ao peso de sua economia.