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CRISE ECONÔMICA: Temor cresce por dívida e pressiona Itália

A Itália teve de pagar juros recordes para vender seus bônus nesta terça-feira, lutando para acalmar os temores do mercado, que receia que o país esteja perdendo controle da dívida pública, podendo desencadear em uma crise que ameace a existência da zona do euro.

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, disse que o plano de austeridade fiscal de 54 bilhões de euros será aprovado pelo Parlamento na quarta-feira, prometendo buscar outras medidas para incentivar o crescimento econômico.

Fontes disseram à Reuters que o governo também considera vender propriedades e empresas locais de serviços básicos para levantar fundos e ajudar na redução da dívida — que corresponde a 120 por cento da produção nacional anual.

A Itália tem dependido do Banco Central Europeu (BCE), que comprou bônus do país para manter seus custos de financiamento em um nível gerenciável, mas a disparada dos juros na semana passada sugere que os mercados perderam a fé na intervenção.

Em um leilão nesta terça-feira, o Tesouro vendeu cerca de 6,49 bilhões de euros em bônus de longo prazo — não muito longe da meta de 7 bilhões de euros —, mas foi obrigado a pagar 5,6 por cento em quase 4 bilhões de euros em títulos de cinco anos.

Esse rendimento foi o maior desde a introdução do euro, há uma década, destacando a crescente preocupação do investidor sobre a sustentabilidade dos 1,9 trilhões de euros em dívida pública.

A proporção entre oferta e procura no leilão caiu a 1,279, bem abaixo da taxa de 1,93 registrada na emissão anterior de papéis de cinco anos.

Berlusconi, envolvido em um novo escândalo de prostituição, não compareceu a uma reunião com magistrados nesta terça-feira para se reunir com autoridades da União Europeia em Bruxelas.

VENDA DE ATIVOS ESTATAIS

Em Roma, uma autoridade sênior do Tesouro disse que o governo está considerando planos para reforçar o pacote fiscal com medidas adicionais, como a venda de ativos estatais, e espera encontrar potenciais investidores já na semana que vem.

Porém, as repetidas promessas do governo não convenceram os mercados de que a crise esteja sob controle.

Os credit default swaps, instrumentos do tipo de um seguro para se proteger contra moratória de dívida, atingiram um spread recorde na segunda-feira, em mais de 500 pontos-básicos.

AJUDA DA CHINA?

Mais cedo, um porta-voz do Tesouro confirmou que o ministro de Economia, Giulio Tremonti, fizera uma reunião com autoridades chinesas na semana passada. Mas o porta-voz não quis confirmar uma notícia do Financial Times, que dizia que a Itália estaria pedindo para Pequim comprar "quantidades substanciais" de dívida italiana.

Ele também não quis comentar sobre o teor da reunião com a delegação que, segundo uma outra fonte, incluía o presidente da China Investment Corp, Lou Jiwei, e autoridades encarregadas de investimento e renda fixa.

Notícias de que Pequim estaria comprando bônus da zona do euro se mostraram inconclusivas no passado.

"Se os chineses estiverem dispostos a investir, eles são bem-vindos, Deus os abençoe. Mas o fato de que nós tivemos de ir lá (para a China) pedir dinheiro não é um bom sinal", comentou Sergio Marchionne, diretor-executivo da Fiat, a maior manufatureira da Itália, durante uma feira de carros em Frankfurt.

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