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Berlusconi vence votação, mas perde maioria absoluta na Câmara dos Deputados

Apesar de ter conseguido aprovar o Orçamento de 2010 nesta terça-feira, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, perdeu a maioria absoluta na Câmara e continua sob pressão para renunciar em meio ao temor de que o país poderá ser a próxima vítima da crise das dívidas na zona do euro.

Na Câmara, 308 parlamentares votaram a favor do Orçamento e 321 se abstiveram. O resultado põe em dúvida a estabilidade do governo, já que a maioria absoluta é alcançada com o apoio de pelo menos 316 deputados.

Depois da votação, Pier Luigi Bersani, líder do opositor Partido Democrático, fez um apelo pessoal pela renúncia de Berlusconi:

"Peço que o senhor finalmente aceite a situação: entregue seu pedido de renúncia e deixe que o presidente encontre uma solução que permita a nossa nação seguir adiante. Faremos nossa parte."

No Twitter, Marco Bardazzi, editor do jornal La Stampa, afirmou: "Berlusconi teve 308 votos em Roma. Basicamente, seu governo não tem os números para governar o país: 321 parlamentares se abstiveram no voto de confiança. Essa é uma nova maioria. Berlusconi tem de decidir o que fazer."

Após a votação, o premiê entrou em reunião com os ministros da Economia, Giulio Tremonti, do Interior, Roberto Maroni, e com Umberto Bossi, líder do partido de direita Liga Norte, da base do governo.

Horas antes da votação, Bossi, aliado mais próximo de Berlusconi, pediu que ele ceda à intensa pressão política e dos mercados e renuncie ao cargo. Bossi sugeriu que o deputado Angelino Alfano, secretário-geral do governista Partido da Liberdade, de centro-direita, assuma o cargo de primeiro-ministro.

Na segunda-feira, Berlusconi negou que pretenda renunciar, após o custo para a rolagem da dívida italiana ter atingido um nível recorde por conta dos temores de que o país não tem capacidade de pagar a dívida.

Apesar de ter sobrevivido a dezenas de votos de confiança no passado, Berlusconi pode enfrentar dificuldades para sobreviver mais uma vez, já que a atual crise não é somente política, mas está também ligada aos mercados financeiros internacionais, que perderam a confiança no premiê para gerir a economia do país. 

Muitos analistas veem o atual governo demasiadamente enfraquecido para impor os cortes de gastos necessários para conter o déficit público e o aumento da dívida. Apesar de ter um déficit público relativamente baixo, de 3,7% do PIB, a Itália causa preocupações entre os investidores, com uma combinação de baixo índice de crescimento e uma dívida de 1,9 trilhão de euros.

Na segunda-feira, as principais bolsas europeias subiram em meio à expectativa de uma saída de Berlusconi, mas voltaram para o vermelho após ele negar a renúncia em sua página no Facebook. “Os rumores de minha renúncia são infundados", disse o premiê.

Antes, jornais italianos tinham informado que a renúncia do líder seria anunciada em questão de horas.

No último sábado, milhares de italianos participaram de uma manifestação em Roma convocada pelo Partido Democrata (PD) para pedir a renúncia do premiê.

O ministro italiano de Administração Pública, Renato Brunetta, admitiu em entrevista à TV nesta segunda-feira que o governo tem um “problema numérico” no Parlamento e que, se não houver maioria na votação de terça-feira, “todo mundo vai para casa”. O ministro do Interior, Roberto Maroni, concordou e acrescentou: “É inútil insistir.”

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