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ECONOMIA: Banco mais antigo do mundo luta para continuar funcionando na Itália

Na fachada de pedra do imponente Palazzo Salimbeni foi esculpido um nome que está ligado a cinco séculos de fortunas na Toscana: Monte dei Paschi, ou Monte dos Pastos.

Desde os tempos da família Médici, em Florença, a 65 km ao norte, o banco Monte dei Paschi trouxe riquezas ao povo de Siena.

Durante 541 anos, ele sobreviveu à guerra, à praga e ao pânico, sendo hoje o banco mais antigo em funcionamento no mundo.

Mas além das arcadas na entrada do palácio Salimbeni, dentro dos escritórios imponentes do Monte dei Paschi di Siena, um fiasco completamente moderno conseguiu fazer o que os séculos não puderam. Fundado em 1472, o Monte dei Paschi foi praticamente arruinado pelas finanças do século XXI.

Quando os problemas do banco aumentaram, o governo forneceu rapidamente um pacote de ajuda de US$ 5,1 bilhões, causando descontentamento em toda a Itália, durante um período de problemas econômicos crescentes.

Contudo, em nenhum lugar o choque é maior que em Siena. Para muitas pessoas, o Monte dei Paschi é mais que um banco. Ele é conhecido como "Babbo Monte", ou Papai Monte, o maior empregador e patrono da cidade.

Até onde todos são capazes de se lembrar, o dinheiro do banco ajudou a sustentar instituições de caridade e organizações civis, incluindo o maior evento de Siena: o Palio, a corrida de cavalos que acontece todos os verões em torno da Piazza del Campo. Na verdade, o maior acionista do banco, a instituição de caridade Monte dei Paschi Foundation, funciona há muito tempo como uma espécie de governo paralelo na cidade.

Agora, todo mundo se pergunta o que vai acontecer com o dinheiro do Babbo Monte.

"Nada mais cai do céu nos dias de hoje", afirmou Mario Marzucchi, presidente do Misericordia di Siena, que fornece tratamentos médicos para as pessoas pobres da cidade e opera uma frota de ambulâncias. A organização enfrenta dificuldades para manter seus aparelhos e reformar a clínica, localizada em um antigo monastério beneditino.

Caterina Barbetti, presidente de uma cooperativa que coordena uma série de escolas de enfermagem, afirmou que foi forçada a reduzir o tratamento infantil para as famílias pobres da cidade. Ela também costumava contar com o Babbo Monte. "Agora ele foi embora", afirmou.

O Monte dei Paschi ocupa seu palácio no centro velho de Siena desde a fundação, embora tenha adotado ornamentos mais modernos, tais como vidros à prova de bala. Os arquivos do banco estão armazenados em um cofre que já foi utilizado para guardar armas. Na piazza em frente ao banco há uma estátua de Sallustio Bandini, um economista toscano do século XVIII que foi um dos primeiros defensores do livre comércio.

A partir de agora o futuro do Monte dei Paschi depende de seu presidente, Alessandro Profumo, um importante banqueiro trazido de Milão. Profumo, de 56 anos, não tem medo de controvérsias. Em 2010, foi mandado embora da presidência de outro banco italiano, o UniCredit, depois que o governo da Líbia adquiriu boa parte das ações do banco.

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