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Agressão a Berlusconi traduz a degradação do clima político na Itália

O premier italiano, Silvio Berlusconi, se recuperava nesta segunda-feira, mas deverá permencer internado até pelo menos terça-feira num hospital de Milão em função da agressão que sofreu de um homem desequilibrado na véspera, sinal, segundo a classe política, de uma degradação do clima político na Itália.

 

A classe política italiana manifestou sua solidariedade nesta segunda-feira a Silvio Berlusconi.

 

"O chefe do governo italiano, 73 anos, passou uma noite tranquila e seu primeiro pedido foi ver os jornais", indicou a agência Ansa. Mas, segundo seu médico pessoal, dr. Alberto Zangrillo, deverá ficar internado pelo menos até terça.

 

O dirigente italiano, que recebeu um telefonema do presidente francês, Nicolas Sarkozy e do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, sofreu contusões graves no rosto, com um ferimento interno e externo no lábio superior, uma pequena fratura no nariz e dois dentes quebrados.

 

Seu agressor, que foi detido em uma cela isolada em Milão por agressão premeditada, está sendo vigiado em permanência por um guarda.

 

Massimo Tartaglia, 42 anos, que usou como arma uma reprodução em miniatura da catedral gótica de Milão, foi tratado durante dez anos por transtornos mentais. O pai dele ligou para o hospital onde o chefe de Governo está para manifestar sua consternação.

 

Mas, para a imprensa e para a classe política, a agressão, mesmo tendo sida cometida por um desequilibrado, ilustra uma grave degradação do clima político na Itália", escreveu o La Repubblica (esquerda).

 

"O que aconteceu resulta de um clima de raiva", declarou Paolo Bonaiuti, porta-voz de Berlusconi. Segundo ele, o chefe de Governo o havia justamente comentado no caminho para a reunião: "Existe uma espiral de ódio, você não acha que pode acontecer alguma coisa?"

 

"Violência constitucional", escreveu em sua capa o Il Giornale (direita), jornal da família Berlusconi, acrescentando "o atacante é um louco, mas os incentivadores morais são conhecidos, de centro-direita", referindo-se Antonio di Pietro.

 

Vários responsáveis de direita acusaram Di Pietro, ex-juiz anticorrupção e inimigo de Berlusconi, de ter alimentado as tensões políticas nas últimas semanas.

 

"Todo mundo deve se sentir responsável", disse Rosy Bindi, uma dirigente do Partido democrata (PD, esquerda), principal partido da oposição. "Até o presidente do conselho e sua maioria que há meses divide o país com ataques pesados contra o presidente da república, a Corte constitucional, a magistratura e o Parlamento", acrescentou.

 

O clima político se tornou pesado pelo processo em curso contra Berlusconi, por falso balanço e corrupção de testemunhas, os escândalos sexuais e, mais recentemente, as acusações de um mafioso arrependido contra ele.

Berlusconi se diz vítima de um complô da esquerda que semeia "ódio e inveja", da imprensa, acusada de espalhar "mentiras e calúnias" e dos "juízes politizados".

 

Testemunhos das paixões alimentadas por Berlusconi, os comentários, assim que a agressão foi divulgada, encheram as telas da televisão e as páginas dos jornais.

 

No Facebook, uma página criada com o nome Tartaglia atraiu rapidamente milhares de fãs, que o chamaram de "herói moderno". Outras páginas surgiram em defesa de Berlusconi e para denunciar o gesto de Tartaglia.

 

Em clima desmoralizante, a imprensa questionou as falhas da segurança do presidente e destacou dois erros: o fato de um homem ter chegado tão perto dele e o fato de Berlusconi não ter sido retirado do local imediatamente.

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