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Em meio a pandemia, Itália nega portos a migrantes resgatados

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, afirmou que o país “não está disponível” a abrir os portos para migrantes forçados eventualmente resgatados pela nova missão da União Europeia para bloquear a entrada de armas na Líbia.

A declaração foi dada em uma videoconferência de chanceleres do bloco sobre o monitoramento do embargo de armamentos ao país africano.

“A Itália, neste momento, não está disponível a abrir os próprios portos para os desembarques no âmbito da nova missão europeia. Não se trata de ser bom ou mau, se trata simplesmente de concentrar nossas forças e colocá-las à disposição de nossos compatriotas. A Itália agora não pode, ela pede e quer ser ajudada”, disse Di Maio aos colegas, segundo informações de bastidores.

A declaração faz referência à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), que já contaminou quase 60 mil pessoas e matou cerca de 5,5 mil na Itália.

A nova missão, chamada Irene, foi anunciada em fevereiro para substituir a operação naval Sophia, paralisada havia quase um ano por causa de discordâncias entre os Estados-membros sobre o destino dos migrantes resgatados no Mediterrâneo.

No entanto, segundo o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell, ainda há questões “pendentes” para dar início à missão Irene, principalmente a respeito da “redistribuição” de deslocados internacionais.

Normas de navegação determinam que náufragos sejam levados ao porto seguro mais próximo, peso que recai sobretudo nos países do sul da União Europeia, como Itália, Grécia, Malta e Espanha.

No entanto, ao entrar nessas nações, os migrantes frequentemente se deslocam para os Estados-membros do norte, como a Alemanha.

A ausência da missão Sophia favoreceu o aumento dos chamados “desembarques fantasmas”, ou seja, resultantes de barcos clandestinos que conseguem cruzar o Mediterrâneo sem ser notados pelas autoridades. De acordo com dados do Ministério do Interior da Itália, 2,73 mil migrantes desembarcaram no país em 2020, um aumento de quase 600% na comparação com o mesmo período de 2019, mas ainda 55% a menos que em 2018. A maioria deles é de Bangladesh (455), Argélia (312), Costa do Marfim (310), Sudão (248) ou Somália (172). A Líbia, fragmentada desde a queda de Muammar Kadafi, em 2011, é o principal vetor da crise migratória no Mediterrâneo, já que a ausência de um Estado unitário possibilitou que coiotes dominassem seu litoral.

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