
A empresária e influenciadora italiana Chiara Ferragni participou da segunda audiência preliminar em Milão contra ela e outros dois réus acusados de fraude agravada em campanhas promocionais de pandoros e ovos de Páscoa.
A sentença deve ser anunciada em janeiro.
Acompanhada de seus advogados, Giuseppe Iannaccone e Marcello Bana, a sessão judicial com o magistrado Ilio Mannucci Pacini ocorreu a portas fechadas. Esta foi a primeira vez que a influenciadora, que alega inocência, se apresentou ao Tribunal de Justiça de Milão.
Por diversas vezes, Ferragni sustentou que pretendia comparecer às audiências por “respeito à Justiça, para rejeitar as acusações e provar sua inocência”.
Ela é acusada de fraude em campanhas beneficentes envolvendo pandoros (doce natalino típico da Itália) e ovos de Páscoa entre 2021 e 2023. Produzidos pelas marcas Balocco e Dolci Preziosi, respectivamente, os doces carregavam a imagem da influenciadora e prometiam o repasse do faturamento para um hospital infantil em Turim e uma ONG voltada a menores com deficiência. No entanto, descobriu-se que as doações foram feitas antes mesmo de as campanhas começarem e com valores muito menores do que os arrecadados posteriormente.
Segundo o Ministério Público, a empresária lucrou “injustamente” 2,2 milhões de euros (R$ 13,6 milhões), além de um benefício “em retorno de sua imagem”.
Por outro lado, a defesa da italiana informa que ela já realizou doações que somam 3,4 milhões de euros (R$ 21 milhões) ao hospital e à ONG.
No momento, permanece no processo como parte civil, a Casa do Consumidor, que não chegou a um acordo com a ré, ao contrário de uma mulher de 76 anos que comprou alguns dos pandoros, e da associação Adicu, que retiraram as acusações.
Segundo o advogado da Casa do Consumidor, Giovanni Ferrari, a instituição rejeitou a indenização de 5 mil euros (R$ 30,9 mil) e fez uma contraproposta.
“Propusemos a Chiara Ferragni que retiraríamos nossa reivindicação de indenização e nossa parte da ação civil não em troca de dinheiro, mas de uma ou duas postagens nas redes sociais para demonstrar seu arrependimento e compromisso em divulgar um aplicativo para o consumidor que estamos desenvolvendo”, disse Ferrari, acrescentando que os prejuízos aos envolvidos se relacionam a cerca de “370 mil produtos vendidos”.
Na próxima audiência, em 19 de novembro, o juiz irá decidir se aceita ou não a Casa do Consumidor como parte do processo civil.
Ainda este mês, os réus, que além de Ferragni incluem também seu ex-colaborador Fabio Damato e o presidente da Cerealitalia-ID, Francesco Cannillo, deverão solicitar um julgamento sumário. Uma quarta ré, Alessandra Balocco, presidente e CEO da Balocco, faleceu em agosto.
“Obrigada pela atenção, por estarem aqui. Este é um momento muito difícil na minha vida, e acho que vocês entenderão se eu não me sentir à vontade para fazer mais declarações. Vamos em frente”, declarou Ferragni à imprensa na saída do tribunal.
A previsão é que a sentença seja anunciada em janeiro de 2026.



