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Vivendi nega que compra de ações da Mediaset seja ato hostil

A compra de 20% das ações da empresa italiana de televisão Mediaset pelos franceses da Vivendi continua a gerar reflexos na Itália. A empresa de Silvio Berlusconi definiu a ação como "um ato hostil" e o caso vem chamando a atenção até mesmo do governo italiano.

"Certamente, isso não foi solicitado, mas não é um ato hostil.

Queremos aumentar e reforçar nossa posição no sul da Europa que, para nós, é estratégica. Por isso, decidimos comprar as ações da Mediaset", disse uma fonte da Vivendi.

A escalada dos franceses começou com o anúncio de que eles tinham comprado 3% das ações da empresa controlada por Berlusconi. Em um segundo comunicado, ainda na terça, eles aumentaram a cota para 12,32%. Ontem, a empresa de Vicent Bolloré anunciou que sua companhia já tinha 20% das ações.

A rápida escalada no mercado gerou diversas reuniões de emergência entre Berlusconi e seus dois filhos envolvidos: Marina, presidente da Fininvest – a holding que administra todas as empresas da família -, e Pier Silvio, CEO da Mediaset.

Como primeira resposta, os Berlusconi ampliaram a fatia de ações da Fininvest na Mediaset para 39,775% – próximo ao limite de compra, que é de 40%. Depois, em nota assinada pelo ex-premier, classificaram a aquisição de "ato hostil" e que "não temos nenhuma intenção de deixar que qualquer um tente redimensionar nosso papel de empreendedores".

Tudo isso ocorre em meio a uma ação judicial da Mediaset contra a Vivendi. As duas empresas assinaram um acordo no início deste ano em que se comprometiam a comprar 3,5% das ações de cada uma e que os franceses comprariam a divisão de televisão paga dos italianos.

No entanto, após o acordo ser assinado, a Vivendi solicitou alterações no contrato, causando a ira da empresa de Berlusconi, que entrou com uma ação na Procuradoria de Milão – em um processo que promete se arrastar por muito tempo.

Mas, por causa da compra de ações desta semana, a Fininvest entrou com outro pedido na Procuradoria contra os franceses.

Desta vez, a ação pede que seja investigada uma manipulação de mercado pela Vivendi.

– Governo:
O governo italiano está monitorando a situação e, hoje, o ministro para o Desenvolvimento, Carlo Calenda, informou que o Gabinete de Paolo Gentiloni tem "o absoluto respeito pelas regras de mercado".

No entanto, Calenda diz que essa situação parece "uma tentativa, inesperada, de uma escalada hostil a um dos maiores grupos midiáticos italianos" e que não é "a maneira mais apropriada para reforçar a própria presença na Itália".

De acordo com o jornal "La Repubblica", o próprio Gentiloni teria se mostrado preocupado com a situação. "Aqui não está em jogo apenas a empresa de Berlusconi, mas a partida é muito maior e não podemos ficar olhando", teria dito segundo a publicação.

– Telecom Italia: Além da participação na Mediaset, a Vivendi é a principal acionista do grupo Telecom Italia (que controla a TIM Brasil).

Atualmente, após diversas compras de ações, os franceses têm 24,9% das ações da empresa.

O presidente da Telecom, Giuseppe Recchi, informou que a companhia não tem relação com as novas aquisições de Bolloré.

"Estamos totalmente alheios ao caso, não temos envolvimento nem direto, nem indireto", disse Recchi em coletiva de imprensa em Milão.

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