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Estudo revela que pandemia agravou antissemitismo na Europa

Um relatório da União Europeia (UE) revelou que a pandemia de Covid-19 “reacendeu” a retórica antissemita e abriu espaço para “novos mitos e teorias conspiratórias”, culpando a comunidade judaica de toda a Europa pela atual emergência sanitária.

“O antissemitismo aumentou durante a pandemia, especialmente na internet”, informou a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), no estudo realizado com base em estatísticas e dados de organizações civis.

O texto informa que o fenômeno está sendo acompanhado por toda a União Europeia e, “embora os bloqueios e medidas restritivas anti-Covid possam ter levado a uma contenção fisiológica de episódios antissemitas em espaços públicos, a proliferação de conspirações online mostra como o número de incidentes registrados não é indicativo da situação”.

De acordo com o estudo, em muitos países, “a grande maioria dos incidentes não é relatada, nem à polícia nem a qualquer outra instituição”.

Na verdade, as pesquisas realizadas mostram que os ataques contra os judeus são altamente subestimados e que o ódio na web, incluindo o antissemitismo, está firmemente enraizado nas sociedades europeias.

Na Alemanha, uma rede de associações observou que, nos primeiros meses da pandemia, 44% dos incidentes antissemitas registrados foram “associados ao coronavírus”. Além disso, em 2020, o país teve o maior número de crimes com motivação política e antissemita em toda a Europa (2.351).

Segundo o relatório, os dados podem significar que na Alemanha tem um sistema mais eficaz de detecção de casos do tipo, não necessariamente que o país seja o mais afetado.

O mesmo se aplica à Itália, que com 101 episódios identificados pelo Observatório de segurança contra atos de discriminação (Oscad), com base em investigações conduzidas pela Polícia Estadual e pelos Carabineiros, ocupa o quarto lugar, depois da Alemanha, Holanda (517) e França (339). Dos casos denunciados pelo Oscad, 86 enquadram-se no crime de incitação à violência.

Pelo contrário, em alguns países, como a Grécia e a Hungria (dados não oficiais), o número de incidentes antissemitas diminuiu, mas o problema permanece o mesmo em toda a Europa, conforme a agência.

O estudo alerta ainda que não apenas as vítimas e testemunhas devem ser encorajadas a relatar esses incidentes, mas as autoridades devem ter sistemas que permitam o registro e a comparação de tais casos.

“Os protagonistas políticos, tanto a nível da UE como dos Estados-membros devem partilhar este compromisso para que o antissemitismo seja combatido de forma eficaz”, conclui.

Para o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, durante a pandemia de Covid “a comunidade judaica foi uma das comunidades mais atacadas”.

“Nós os vimos ultrajantemente e falsamente acusados de criar o vírus, e as medidas de saúde pública foram comparadas a medidas que levaram ao extermínio da maioria dos judeus europeus, banalizando o Holocausto.

Esta estratégia de luta é a nossa resposta”, afirmou Schinas.

A UE apresentou a sua primeira estratégia contra o antissemitismo em outubro, com o objetivo de combater o ódio na Internet, reforçar a proteção das sinagogas e promover a transmissão da história do Holocausto.

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