
O ex-policial Filippo Piritore, preso sob suspeita de obstruir as investigações sobre o assassinato de Piersanti Mattarella, irmão do atual presidente da Itália, Sergio Mattarella, declarou ter sido “mal interpretado” pelas autoridades e afirmou estar em um “estado de confusão e ansiedade”.
Segundo os magistrados, o ex-agente, de 75 anos, prestou declarações “completamente não corroboradas” sobre uma luva encontrada no carro usado na fuga dos assassinos, o que teria contribuído para atrapalhar as apurações.
“Eu entro em um estado de confusão e ansiedade, então devo ter dito algo que foi mal interpretado. Provavelmente estava agitado quando disse essas coisas”, afirmou Piritore ao juiz de instrução durante um interrogatório preliminar.
De acordo com a documentação assinada pelo ex-policial, a luva teria sido levada ao então procurador substituto de Palermo, Pietro Grasso, que liderava as investigações. No entanto, o magistrado assegurou nunca ter recebido o objeto, informação corroborada pela ausência de qualquer registro que comprove a entrega.
“Eu não escondi nada. Alguém deve ter me dito para proceder dessa forma, talvez meus superiores na época. Eu estava apenas cumprindo meu dever”, acrescentou.
Salvatore Butera, ex-assessor econômico e amigo próximo de Mattarella, celebrou a prisão de Piritore e o prosseguimento das investigações sobre a morte do então governador da Sicília, assassinado em 1980.
“Depois de 45 anos, a verdade sobre o assassinato de Piersanti Mattarella ainda é buscada. Agora foi descoberto um encobrimento do qual todos suspeitavam há anos. Uma pessoa foi presa, isso é fato. Talvez haja outras pessoas que tenham desviado o caso”, afirmou.



