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Presidente italiano Giorgio Napolitano comenta o veto à extradição de Cesare Battisti

O presidente italiano Giorgio Napolitano considerou que o veto à extradição de Cesare Battisti foi fruto da incapacidade da cultura e da política italianas de transmitir o verdadeiro significado dos anos do terrorismo na Itália. "Nós não conseguimos fazer com que os países amigos vizinhos e distantes compreendessem o que significaram daqueles anos", afirmou em um discurso não programado na cidade de Ravenna.

Napolitano se inspirou na comovida lembrança de Arrigo Boldrini e Benigno Zaccagnini, celebrados por Sergio Zavoli como dois grandes filhos de Ravenna, duas pessoas vindas de culturas e histórias distintas entre as quais surgiu uma profunda amizade e comunhão política.

Napolitano se perguntou se não corremos o risco de dispersar a memória e a consciência dos riscos que a Itália correu naqueles anos de luta contra o nazi-fascismo e os ataques terroristas à República. "Este risco existe e é grave. Os tristes acontecimentos recentes – disse ele, em referência ao veto de Lula à extradição de Battisti – nos levam a pensar que não conseguimos transmitir aos países amigos e distantes o que representaram para nós aqueles anos de terrorismo, e nem a força extraordinária que precisamos para vencê-lo. Talvez tenha faltado algo em nossa cultura e na política, algo capaz de transmitir às gerações futuras o que de fato aconteceu naqueles anos atormentados (em se referindo em especial ao sequestro de Aldo Moro), que Benigno Zaccagnini superou com uma notável fibra, dor e coragem". 

Napolitano também convidou a refletir sobre a relação formidável, humana como política, que se estabeleceu com a amizade entre Arrigo Boldrini e Benigno Zaccagnini. 

Em entrevista ao jornal La Repubblica, o ministro das Relações Exteriores Franco Frattini comentou as palavras do presidente Napolitano, para quem a não extradição de Cesare Battisti pelo Brasil foi fruto da incapacidade da política italiana de transmitir o verdadeiro significado dos anos do terrorismo. "Faltou alguma coisa, tratou-se de uma 'lacuna' da política como um todo, certamente não devida aos últimos três anos", disse Frattini, destacando que o Quirinale não questionou o governo atual.

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