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Ex-mordomo do Papa dá entrevista e diz que Bento XVI quer fazer uma “limpeza” no Vaticano

"O Papa quer fazer uma limpeza, mas se depara com dificuldades", ou "As pessoas que, como eu, querem contribuir para esclarecer tudo são pelo menos 20". São algumas das frases que Paolo Gabriele, o mordomo de Bento XVI preso e indiciado pelo roubo de documentos confidenciais, disse em uma entrevista a Gianluigi Nuzzi que foi transmitida na íntegra no canal privado La7, no primeiro episódio da nova temporada de Infedele (Infiel) de Gad Lerner.

Parte da entrevista já foi ao ar no mesmo canal em janeiro, em Gli Intoccabili (Os Intocáveis), mas sem revelar a identidade de Paolo Gabriele.

Sobre o desejo do Papa em fazer uma limpeza na Igreja, Gabriele ressalta que "Bento XVI havia anunciado isso já na famosa Via Crucis", e sobre as dificuldades que está tendo afirma que "ser testemunha da verdade também implica estar dispostos a pagar o preço".

Gabriele traça o perfil dos que tornaram possível a publicação dos documentos: são pelo menos 20 pessoas não vinculadas a grupos de poder, mas que "compartilham o mesmo desejo de limpeza do seu guia, o Pontífice".

"Eu acho que é um gesto de raiva, porque há uma espécie de silêncio para que as coisas não venham à tona, não por lutas de poder, mas por medo. O nosso é um país onde você entra, comete um massacre e vai embora tranquilamente, e onde após 24 horas ninguém abre a boca sobre o ocorrido", opina Gabriele.

De acordo com o ex-mordomo, agora sob prisão domiciliar, "aparentemente se abriu uma brecha, o que aconteceu seria impensável há alguns anos e acho que vai deixar uma marca"

Quando Nuzzi lhe perguntou quantos desses casos de roupas sujas se conhecem na Itália, Gabriele respondeu que "apesar de achar que todos deviam ser públicos, poucos são descobertos porque, até agora, permaneceu encoberto tudo o que se desejava encobrir".

Em outras passagens da entrevista, Gabriele disse que "o martírio é a forma mais elevada do testemunho da verdade, é difícil hoje alguém ser morto na Itália por ser cristão, mas existe o martírio da paciência", e ainda: "Se houvesse o mesmo empenho em buscar os responsáveis quando surgirem os documentos, inclusive para reconstruir a verdade sobre algumas histórias, isso sim seria louvável".

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