Notícias

Berlusconi defende espião envolvido em escândalo

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, interveio para defender um ex-agente acusado de telecomunicações da Itália e causou constrangimento ao serviço secreto do país.

O escândalo chocou os italianos em 2006, quando funcionários da Telecom Itália e da Pirelli, grupo da qual a Telecom faz parte, foram presos em uma investigação sobre uma rede suspeita de ter espionado a elite da Itália, usando dados de registros telefônicos.

Entre os detidos estava Marco Mancini, ex-número 2 da agência de inteligência militar Sismi. Em sua audiência preliminar, em novembro, Mancini se negou a responder às perguntas, dizendo que isso violaria leis de sigilo de Estado.

O gabinete de Berlusconi informou que o primeiro-ministro escreveu ao juiz confirmando a existência de questões de "segredo de Estado" no caso.

Em comunicado, o gabinete de Berlusconi disse que as unidades do serviço secreto e suas relações com outros grupos em suas atividades têm direito a proteção máxima sob a lei.

A carta de Berlusconi deve ajudar Mancini a evitar ir a julgamento, e, ao mesmo tempo, desencadeará novas especulações sobre a natureza das ligações existentes entre o serviço secreto e a maior operadora de telecomunicações da Itália, disse o jornal Corriere della Sera, o primeiro a divulgar a notícia.

Mancini já tinha enfrentado acusações anteriores de ajudar a CIA a sequestrar um clérigo muçulmano em Milão, mas as acusações foram arquivadas em novembro porque as provas que seriam apresentadas violariam as normas de segredo de Estado.

No caso da rede de espionagem, promotores disseram que um grupo liderado pelo ex-chefe de segurança da Telecom Itália, Giuliano Tavaroli, criou milhares de arquivos entre 1997 e 2004, coletando dados de tráfego telefônico de maneira ilegal. Durante esse período, a Itália teve governos de centro-esquerda e centro-direita.

Os supostos alvos da espionagem incluíram o ex-primeiro-ministro Romano Prodi quando ele foi presidente da Comissão Europeia, em 2001, e várias personalidades muito conhecidas, desde o financista Emilio Gnutti até o jogador de futebol Bobo Vieri.

Mancini foi acusado de enviar vários arquivos ligados ao serviço secreto para a Telecom Itália, através de um intermediário.

O presidente da Telecom Itália na época, Marco Tronchetti Provera, negou ter qualquer relação com Mancini ou qualquer conhecimento de atividades ilegais realizadas pela divisão de segurança da empresa.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios