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Obra exibida em Roma pela primeira vez pode ser de Caravaggio

Um quadro exposto pela primeira em Roma, capital da Itália, pode ser uma obra do pintor barroco Michelangelo Merisi, mais conhecido como Caravaggio (1571-1610).

Batizada como “Retrato de uma jovem mulher”, a tela exibe uma figura feminina com olhos magnéticos voltados ao observador, penteado alto, roupa escura e brincos de pérola e foi herdada por um cidadão privado que deseja permanecer anônimo.

A obra ficará pela primeira vez em exposição até 30 de julho, no Palácio Barberini, sede da Galeria Nacional de Arte Antiga, em Roma, no âmbito de uma mostra com curadoria da historiadora da arte e “caravaggista” Maria Cristina Terzaghi.

“É uma descoberta verdadeiramente interessante. A tela tem uma história romanesca, mas provada e comprovada”, disse à agência Ansa a diretora da Galeria Nacional de Arte Antiga, Flaminia Gennari Santori.

“Até hoje ninguém a viu, mas queremos que ela seja estudada e analisada”, acrescentou Terzaghi.

Segundo a curadora, o quadro foi mencionado pela primeira vez nas obras do cardeal Antonio Barberini, em 1644, e reapareceu em 1672, no inventário pós-morte do religioso, descrita com tamanho de cerca de três palmos, moldura dourada esculpida e autoria de Caravaggio.

Então avaliada em 80 escudos, cifra elevada para uma pintura de pequenas dimensões (80×65 centímetros) naquela época, ela permaneceu na família até Luisa Barberini, que a levou para Florença.

Recém-retornado para casa, o Palácio Barberini, o quadro parece retratar Fillide Melandroni (1581-1614), cortesã de caráter impetuoso (ela tinha 13 anos em seu primeiro processo por prostituição) e ex-amante do rival de Caravaggio, Ranuccio Tomassoni.

Já imortalizada por Caravaggio em um retrato perdido na Segunda Guerra Mundial durante o bombardeio a Berlim, Fillide também foi modelo para a “Santa Catarina” em exposição no ThyssenBornemisza, em Madri, e para a Marta e Maria Madalena no Instituto de Artes de Detroit.

“É uma obra de verdade, não uma cópia. Sob ela há uma figura arcaica, talvez um dos santos que eram feitos em série. Reutilizar telas era frequente nos ateliês, Caravaggio também fazia isso”, disse Terzaghi. Segundo ela, o penteado da mulher remete a um modelo bastante popular em Roma entre 1595 e 1616, mas faltam pinturas de Caravaggio desse período para fazer uma comparação. Em favor da tese caravaggesca, a curadora aponta o “rosto extraordinário, até pelo modo como emerge da obscuridade”.

“A obra tem um naturalismo forte, não presente em pintores daquela época. Os olhos são impactantes. E é uma mulher do povo, como evidencia a roupa. São todos elementos que pertencem ao léxico de Caravaggio”, disse Terzaghi, ressaltando que uma futura restauração poderá ajudar a confirmar a autoria da tela.

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