Notícias

TURISMO: Roma abre monumento nos Fóruns Imperiais

Roma oferece uma surpresa aos turistas capazes de desafiar o rigor do inverno europeu, permitindo que visitem o Templo de Vênus nos Fóruns Imperiais, que foi o centro vital na época do poderio romano.

O monumento reaberto é o maior edifício religioso da capital, mandado construir pelo imperador Adriano no ano 135 da Era Cristã.

Este templo se ergueu em homenagem à deusa que concedeu a Adriano um amor derradeiro na pessoa do jovem Antinoo, que morreu no ano 130 (Adriano faleceu em 138).

Há 26 anos que este imponente edifício, do qual só ficaram em pé a majestosa abside e um muro da reconstrução feita por Masenzio após o incêndio de 307, estava passando por obras de restauração que pareciam intermináveis.

Projetado pelo famoso Apolodoro de Damasco, arquiteto oficial do Império sob Trajano e Adriano, o templo foi originalmente dedicado a Vênus e a Roma e suas proporções eram pouco inferiores às do Júpiter Capitolino. Cabe lembrar que era proibido ultrapassar o tamanho do templo jupteriano, um pouco como hoje ocorre com a Basílica de São Pedro, que deve ser maior do que todos os edifícios católicos. Foi o que descobriu ainda em vida o ditador Francisco Franco, que teve que dividir ao meio a imensa igreja do Vale dos Caídos.

A última vez que o templo de Vênus e Roma foi usado publicamente foi para acomodar a homenagem pessoal do estilista Valentino, que celebrou sua aposentadoria da alta costura com um jantar para 600 convidados, no meio de uma imitação das colunas originais, segundo uma ideia do cenógrafo italiano Dante Ferretti, vencedor de um prêmio Oscar.

Há um quarto de século, turistas e romanos passavam diante do templo ignorando seu nome verdadeiro e só adivinhando sua presença majestosa, porque andaimes e tapumes escondiam sua fachada.

Originalmente o templo media 145 metros de comprimento por 100 de largura e ostentava fileiras de colunas de pórfiro e granito (20 por 14).

Entre estas colunas havia estátuas gigantescas sentadas em tronos, enquanto o piso era feito de mármores preciosos vindos dos quatro cantos do mundo conhecido na época. No entanto, todo este luxo desapareceu por causa das seculares devastações. 

Uma das características do monumento era a cela dupla, nunca vista nem antes nem depois em Roma, dedicada às divindades protetoras: a cela de Venus Felix dava para o Coliseu e a da deusa Roma para o Fórum.

O monumento sofreu todo tipo de acidentes e abusos em seus quase dois mil anos de história. Primeiro foi o incêndio de 283, que destruiu todo o Fórum romano, menos o templo de Antonino e Faustina; depois foi o terremoto do século IX, que derrubou o telhado construído por Masenzio; e finalmente a decadência da Cidade Eterna e a pilhagem de seus tesouros pelas famílias aristocráticas, quase sempre papalinas, que os usavam para enfeitar seus palácios. 

Uma primeira reconstrução em tempos modernos e com critérios mais ou menos filológicos foi feita pelo arquiteto Alfonso Bartoli, que nos anos 30 do século passado recolocou em sua lugar algumas colunas e mandou construir os restos mais importantes.

A reabertura do monumento foi adiada inúmeras vezes, principalmente por causa da redistribuição do escasso pessoal de turno, que era 30% inferior aos 100 funcionários necessários.

Podendo contar com a pessoal especializado, seria possível reabrir também o templo de Rômulo (não o co-fundador de Roma, mas o filho de Masenzio) e os arcos de Septimio Severo.

Também seria possível ter acesso às casas de Livia e Augusto, abertas e fechadas ao público intermitentemente desde o fim do ano passado e que abrigam alguns dos afrescos mais belos e melhor preservados de toda a Antiguidade romana.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios