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Governo promete recursos para concluir comportas em Veneza

Projeto é tido como essencial para combater inundações

Após dois anos desativado, o “Grande Comitê por Veneza” voltou a se reunir em Roma, para discutir intervenções para a tutela da cidade, que nas últimas semanas sofreu com inundações históricas.

O colegiado inclui o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, o governador do Vêneto, Luca Zaia, o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, e os ministros Dario Franceschini (Bens Culturais), Paola De Micheli (Infraestrutura) e Sergio Costa (Ambiente).

A última reunião do comitê havia sido convocada em 2017, para discutir um projeto para retirar navios de grandes dimensões da Lagoa de Veneza, o frágil ecossistema que envolve o centro histórico da cidade.

No encontro, o premier Conte se comprometeu a liberar os 320 milhões de euros necessários para concluir o “Mose”, um complexo e caro sistema de comportas projetado para evitar a “acqua alta” em Veneza. As obras começaram em 2003 e estão previstas para terminar no fim de 2021, após sucessivos atrasos devido a escândalos de corrupção.

“O governo se empenha a colocar os 320 milhões restantes e confirma o cronograma para o fim das obras em 31 de dezembro de 2021”, disse o governador Zaia após a reunião, que durou duas horas e meia.

A cifra completará o orçamento final de 5,5 bilhões de euros, conforme consta do balanço do Consórcio Venezia Nuova, responsável pelo projeto. “O sistema público fará de tudo para antecipar o fim dos trabalhos. A ordem é fazer o quanto antes”, ressaltou a ministra De Micheli.

O Vêneto e Veneza também pediram ao governo 150 milhões de euros por ano ao longo da próxima década para financiar obras na lagoa. “Pela primeira vez em décadas vimos o premier, o governo e a região na mesa para tomar decisões muito importantes”, disse o prefeito Brugnaro.

A reunião foi acompanhada por protestos de ativistas que alegam que o Mose não conseguirá resolver o problema das inundações em Veneza. Um novo encontro do comitê deve ocorrer antes do Natal.

Enchentes

Entre 12 e 17 de novembro, o centro de Veneza registrou quatro cheias superiores a 140 centímetros acima do nível médio da água, algo inédito para um único ano. Com isso, áreas como a Praça San Marco passaram quase uma semana alagadas.

O centro histórico se distribui por ilhas situadas na Lagoa de Veneza, que sofre regularmente com a “acqua alta”. Mais comum entre o fim do outono e o início do inverno europeu, esse fenômeno ocorre quando o nível do Mar Adriático sobe e invade as águas da lagoa, inundando a cidade.

As marés são influenciadas pelo ciclo lunar e por fenômenos meteorológicos, como tempestades e o vento de siroco, uma corrente de ar quente proveniente do deserto do Saara, mas fatores como o aquecimento global e o assoreamento do solo lagunar também contribuem para as enchentes.

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