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Grife italiana Loro Piana é colocada sob administração judicial por exploração

Um tribunal de Milão decidiu colocar a grife italiana Loro Piana, empresa luxuosa de cashmere do grupo LVMH, sob administração judicial por um ano por suposta exploração de trabalhadores.

A decisão, emitida pelos juízes da Seção de Medidas Preventivas, diz respeito a uma investigação do promotor Paolo Storari, que concluiu que a Loro Piana terceirizou a produção de roupas em locais de trabalho caracterizados por “exploração laboral”.

A administração será suspensa antes de um ano se a unidade alinhar suas práticas com os requisitos legais, como foi o caso anteriormente com a Dior, Armani e Alviero Martini, que também foram alvos do tribunal.

A Loro Piana Spa é alvo de uma série de investigações desde 2023 e foi considerada incapaz de prevenir e coibir a exploração laboral no ciclo de produção por não ter implementado medidas adequadas para verificar as condições reais de trabalho e, em particular, por não ter monitorado as capacidades técnicas de seus contratados.

De acordo com a investigação, a grife confiou a produção de peças de vestuário (incluindo jaquetas de cashmere) a uma empresa externa, a Evergreen, que, incapaz de produzir as peças solicitadas, subcontratou a Sor-Man, de Nova Milanese, que também não possuía capacidade de produção adequada.

A reconstrução do Ministério Público aponta que estes, também para reduzir custos, teriam recorrido a fábricas chinesas – fechadas pelas autoridades após um dos proprietários ser preso em maio -, que teriam utilizado “mão de obra irregular e clandestina, em ambientes de trabalho insalubres e perigosos”, localizados “em dormitórios ilegais para recrutar meros trabalhadores a qualquer hora do dia/noite e submetê-los a turnos de trabalho muito superiores aos estipulados contratualmente”.

Segundo a justiça italiana, esse sistema teria permitido maximizar os lucros, induzindo a fábrica chinesa, que efetivamente produz as peças, a reduzir os custos de mão de obra (contribuições, seguros e impostos diretos), recorrendo à produção “ilegal” e clandestina, descumprindo as normas de saúde e segurança no trabalho, bem como descumprindo as convenções coletivas de trabalho nacionais do setor relativas a salários, jornada, intervalos e feriados.

Em depoimento, o representante legal da Sor-Man, empresa subcontratada para produzir uma série de peças para a Loro Piana, explicou que o preço acordado com a grife para a produção “era de 118 euros por jaqueta se o pedido fosse de mais de 100 peças”; se fosse menor, o que era raro, o preço era de 128 euros cada.

Entretanto, os itens de vestuário vendidos nas lojas da marca de luxo variavam de mil a 3 mil euros, “com uma margem de lucro entre mil e 2 mil euros”, de acordo com o processo.

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