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Investigado, prefeito de Milão garante ter “mãos limpas”

Investigado em um inquérito sobre possíveis irregularidades nas políticas de planejamento urbano de Milão, o prefeito da capital financeira da Itália, Giuseppe Sala, garantiu ter as “mãos limpas”.

A declaração foi dada durante seu discurso em uma reunião do Conselho Municipal sobre o inquérito, no qual é suspeito de ter praticado os crimes de “declarações falsas” e cumplicidade em “indução indevida para dar ou prometer benefícios”.

“Minhas mãos estão limpas”, declarou Sala. “Tudo o que fiz durante meus dois mandatos como prefeito, pelos quais tive o ônus e a honra, sempre se baseou exclusivamente nos interesses dos cidadãos”.

O prefeito de Milão destacou que este é “um momento delicado por muitas razões”, mas “não há uma única ação que possa ser atribuída” a ele.

“São dias confusos, em que tudo parece estar se tornando obscuro. As certezas parecem vacilar e até mesmo as características mais familiares parecem estar se desfocando. E é por isso que quero ser muito claro”, continuou ele, acrescentando que seu “envolvimento na investigação é fonte de grande sofrimento”.

A primeira acusação se refere a um documento que atestava a ausência de conflito de interesses na nomeação de Giuseppe Marinoni como presidente da Comissão de Paisagismo da Prefeitura, órgão consultivo que pode emitir pareceres favoráveis ou contrários a projetos de construção civil na cidade.

O Ministério Público de Milão aponta relações próximas de Marinoni, que deixou o cargo em abril passado, com empreiteiras e acredita que Sala tenha sido incentivado a nomeá-lo pelo secretário de Urbanismo da metrópole, Giancarlo Tancredi, alvo de um pedido de prisão preventiva que ainda não foi autorizado pela Justiça.

A segunda acusação diz respeito a supostas vantagens relativas à construção do edifício conhecido como “Pirellino”, projetado pelo arquiteto Stefano Boeri e pertencente à incorporadora Coima, de Manfredi Catella, também alvo de um pedido de prisão por parte do Ministério Público.

“Não pretendo julgar o trabalho do Judiciário. A mídia diz que não era necessário me informar. Eu entendo e aceito isso, mas por que isso foi divulgado à mídia?. Pergunto aos meus colegas políticos: vocês concordam com isso? É aceitável que investigações confidenciais sejam tornadas públicas?”, questionou ele sob aplausos.

Após o caso vir à tona, a polícia financeira realizou buscas na prefeitura de Milão para apreender provas, bem como nas casas e escritórios de Tancredi e Catella. Fontes disseram que há atualmente 74 suspeitos, acusados de crimes como suborno, construção ilegal e indução indevida. Boeri também estaria entre os investigados.

Hoje, inclusive, Tancredi apresentou sua renúncia ao cargo de chefe de Regeneração Urbana de Milão, classificando-a como uma “dolorosa decisão” porque acredita que “é a melhor maneira de lidar com os desdobramentos judiciais”, mas também por respeito aos órgãos julgados, ao prefeito, aos seus colegas da Câmara, aos cidadãos de Milão e aos vereadores.

“Minha consciência está tranquila, desempenhei meu trabalho com paixão, comprometimento, respeito por todos, diálogo honesto e com profundo amor pela minha cidade”, ressaltou o italiano, que disse esperar que seu gesto “contribua para uma maior serenidade e nos ajude a alcançar clareza e justiça o mais rápido possível”.

Por fim, Tancredi enfatizou que sua “trajetória, tanto pessoal quanto profissional, sempre foi pautada por valores éticos e morais, que sempre foram reconhecidos por diversas partes, em diversos contextos”, inclusive em sua atuação como vereador nos últimos quase quatro anos. 

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