
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse se “lamentar” pela Itália e pelo Vaticano, pois afirmar que seu país comete um genocídio na Faixa de Gaza ou reconhecer o Estado da Palestina é “totalmente irracional”.
A declaração foi dada ao jornal italiano Libero.
“Lamento o que o presidente [da Itália, Sergio] Mattarella disse. Temos grande respeito por ele e pela Itália, mas nosso presidente [Isaac] Herzog e eu respondemos que estamos agindo em total conformidade com o direito internacional e que essas acusações não representam a nossa maneira de operar”, declarou Saar, referindo-se às críticas feitas pelo chefe de Estado italiano sobre a atuação israelense no Oriente Médio, que no último dia 30, comentou que “vê obstinação em matar em Gaza” ao ironizar os “erros” em ataques que matam civis e funcionários de instituições de ajuda humanitária.
De qualquer forma, “acredito que Itália e Israel são amigos. Sabemos que existe uma enorme onda anti-Israel alimentada por reportagens da mídia que, para dizer o mínimo, nem sempre são precisas ou equilibradas. Mas acredito que as relações entre nós são fortes e que superaremos esse período”, acrescentou o ministro israelense.
Para Saar, “dizer que estamos cometendo genocídio é completamente falso; é pura propaganda antissemita”.
Em relação à declaração do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que defendeu o reconhecimento da Palestina, o representante do primeiro-ministro Benjamin Nethanyahu disse que o governo israelense “está decepcionado com qualquer Estado ou entidade que reconheça unilateralmente o Estado palestino, porque isso só serve para nos distanciar da paz e da segurança”.
O vice-premiê italiano e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, afirmou à imprensa que “neste momento, não existem condições concretas para a criação de um Estado palestino sob a ótica do direito constitucional e internacional público”.
“Devemos trabalhar para construí-lo”, acrescentou o homólogo de Saar, reforçando que Israel “deve dar um basta nos bombardeios e nos ataques contra a população civil”.
“Como precisamos dizer ao Hamas para parar de usar o povo palestino como escudo humano e libertar os reféns que não têm responsabilidade nas políticas de Israel e estão em condições desumanas. Precisamos enviar mensagens fortes justamente para construir a paz”, concluiu Tajani.
Ainda neste domingo, um funcionário da ONG Crescente Vermelho Palestino foi morto e outros três ficaram feridos durante um ataque israelense à sede da organização em Khan Younis, no sul de Gaza, anunciou a organização. Segundo comunicado publicado no X, Israel incendiou o primeiro andar do prédio.
“Um membro do Crescente Vermelho Palestino foi morto e outros três ficaram feridos depois que forças israelenses atacaram a sede da sociedade em Khan Younis, ateando fogo no primeiro andar do prédio”, informou a ONG, que divulgou um vídeo que “captura os momentos iniciais” do ataque, com chamas em um edifício e pisos cobertos de escombros.
O ataque atribuído às Forças de Defesa de Israel (IDF) ocorre dois dias após a visita do enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, a um centro de assistência humanitária apoiado pelos americanos em Gaza para inspecionar os esforços de entrega de alimentos no enclave.
Em março deste ano, oito funcionários do Crescente Vermelho, seis da Agência de Proteção Civil de Gaza e um funcionário da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) foram mortos em um ataque das IDF, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).