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Itália envia embaixador ao Egito e irrita família de Regeni

A Itália anunciou o retorno de seu embaixador no Egito, Giampaolo Cantini, ao Cairo, capital do país africano, após “avanços” na investigação sobre o assassinato do pesquisador Giulio Regeni, 28 anos, ocorrido no início de 2016.   

Cantini havia deixado o Egito em abril do ano passado, depois de ter sido convocado a Roma para “consultas”, o que, na linguagem diplomática, significa uma reprimenda de um Estado a outro. Na época, existiam muitas dúvidas sobre o real interesse das autoridades egípcias em esclarecer o caso.   

“À luz dos desenvolvimentos registrados na cooperação entre os órgãos investigadores de Itália e Egito sobre o homicídio de Giulio Regeni, o governo italiano decidiu enviar o embaixador Giampaolo Cantini à capital egípcia”, disse o ministro italiano das Relações Exteriores, Angelino Alfano.   

A decisão foi tomada após a Procuradoria da República em Roma ter recebido dos investigadores do Cairo os atos relativos a interrogatórios de policiais envolvidos no inquérito. Além disso, a Procuradoria do Egito contratará uma empresa privada para recuperar os vídeos das câmeras de segurança do metrô da cidade.   

O corpo de Regeni foi encontrado no dia 3 de fevereiro de 2016, em um bairro da capital do Egito, com sinais de tortura. O jovem estava no país africano para preparar uma tese sobre a economia local e sindicatos independentes, mas também contribuía com o jornal comunista italiano “Il Manifesto”.   

Para isso, Regeni frequentava organizações sindicais clandestinas e contrárias ao regime do presidente Abdel Fatah al Sisi, o que levantou a hipótese de crime político. Ele foi visto com vida pela última vez em 25 de janeiro do ano passado, em uma linha de metrô da cidade.   

“O embaixador italiano no Cairo terá, entre outras coisas, o dever de contribuir com as ações pela busca da verdade sobre o assassinato de Giulio Regeni”, garantiu o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni.   

Mas a declaração não foi suficiente para aplacar a ira da família do estudante, que chamou a decisão de “uma rendição incondicional”.   

“Exprimimos nossa indignação pela modalidade, pelo timing e pelo conteúdo da decisão do governo italiano. Só quando tivermos a verdade sobre quem matou Giulio, quando entregarem, vivos, seus torturadores e cúmplices, o embaixador poderá voltar sem pisar em nossa dignidade”, diz um comunicado dos pais de Regeni.  

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