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Domenico Lucano, símbolo de integração de refugiados na Itália é condenado a 13 anos de prisão

Domenico Lucano, um ex-prefeito que se tornou conhecido por promover projetos de acolhimento de refugiados em uma cidade de cerca de 2 mil habitantes no sul da Itália foi condenado a 13 anos e dois meses de prisão por supostos crimes ligados à gestão de deslocados internacionais.

Lucano, 63 anos, foi sentenciado pelo Tribunal de Locri, na Calábria, pelos crimes de formação de quadrilha, abuso de poder, fraude, concussão, peculato, fraude em licitação, falsidade ideológica e favorecimento à imigração clandestina.

A sentença é quase o dobro da pena pedida pelo Ministério Público, que era de sete anos e 11 meses de cadeia. Mimmo Lucano foi prefeito de Riace, na Calábria, entre junho de 2004 e outubro de 2018, período em que ganhou fama internacional por seus projetos de acolhimento de migrantes e refugiados.

Suas ações o fizeram entrar, em 2016, na lista das 50 personalidades mais influentes do mundo da revista Fortune. Em seus mandatos, ofereceu casas abandonadas, treinamento profissional e “bolsa trabalho” a estrangeiros, ajudando a revitalizar a economia de Riace, afetada pelo esvaziamento populacional que atinge muitos vilarejos italianos.

No entanto, ele se tornou alvo de um inquérito por suspeita de ter facilitado casamentos forjados para garantir a permanência no país de migrantes em situação irregular. Além disso, o Ministério do Interior, na época chefiado pelo ultranacionalista Matteo Salvini, o acusou em 2018 de irregularidades no uso de recursos nacionais para financiar projetos de acolhimento.

Lucano também é acusado de ter concedido sem licitação um serviço de coleta e transporte de lixo para duas cooperativas formadas por migrantes e refugiados e de ter colocado estrangeiros para morar em imóveis que não tinham laudos para habitação.

Ele chegou a ser posto em prisão domiciliar em 2018, quando foi afastado do cargo de prefeito, e ficou quase um ano proibido de entrar em Riace. As iniciativas idealizadas por Lucano foram desmontadas após sua saída da prefeitura.

“Esse é um caso sem precedentes. Ficarei para sempre manchado por crimes que não cometi, esperava uma absolvição”, declarou o ex-prefeito após o julgamento. Já seus advogados, Giuliano Pisapia e Andrea Daqua, afirmaram que a condenação é “exorbitante” e contrasta “totalmente com as evidências processuais”.

“Mais de 13 anos de cadeia para um homem como Mimmo Lucano, que vive na pobreza, não obteve qualquer benefício patrimonial com suas ações como prefeito e que sempre se empenhou por sua comunidade e pelo acolhimento e integração de crianças, mulheres e homens que chegaram no país para escapar da guerra, de torturas e da fome”, acrescentou a defesa.

Os advogados também anunciaram que entrarão com recurso na segunda instância para reverter a sentença. O ex-prefeito, que é candidato a conselheiro regional da Calábria nas eleições de 3 e 4 de outubro, também foi condenado a restituir 500 mil euros em repasses feitos pela União Europeia e pelo governo italiano a Riace.

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