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Com ameaça de greve geral, primeiro-ministro italiano Matteo Renzi defende reformas do governo

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, segue na defesa das reformas no governo e na economia da Itália.

Sobre as mudanças na área trabalhista, o premier destacou que essa "é a reforma mais de esquerda eu vi e o 'dead line' para a aprovação é o dia 1º de janeiro". E, talvez para não estragar o já frágil debate entre os membros da esquerda, os parlamentares mais racionais do partido não querem atacar o governo, evitando intervenções. Renzi está feliz por ter feito com que a reforma trabalhista fosse colocada para o voto de confiança, mas se a com a minoria, o PD consegue trabalhar, com a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), a conversa é diferente.

O secretário da CGIL, Danilo Barbi, durante discurso na Câmara, adverte que "não consentiremos facilmente as modificações no artigo, faremos uma oposição brutal". Barbi se refere às alterações previstas no artigo 18 do Estatuto dos Trabalhadores, que regula as demissões sem justa causa nas empresas com mais de 15 funcionários. Entre outros itens, a atual lei autoriza a reintegração do empregado mandado embora sem motivo justificado, e nas mesmas condições de antes, além do pagamento de indenização.

Caso seja aprovada, a reforma trabalhista de Renzi pode causar uma greve geral no país e o PD corre o risco de se "dividir em dois". Porém, a análise do premier é de que o artigo 18 tem "consenso total".

"Estamos cortando álibis e não os direitos dos trabalhadores" para poder começar com uma mudança e "dar uma resposta" ao mundo do trabalho. Renzi não esconde a preocupação com a alta taxa de desemprego, que está em 12,6%, mas está otimista. "Foram recuperados 156 mil postos de trabalho dos quase um milhão que foram perdidos. Isso é pouco, mas é um sinal de uma inversão de tendência que estamos registrando", ressaltou o premier.

Além dos ataques de seu próprio partido, dos sindicatos e da oposição, o premier ainda tem que lidar com as críticas dos líderes da União Europeia. Mas, parece que nem as ameaças do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, têm assustado o primeiro-ministro.

"Na Europa, se está combatendo uma batalha decisiva, aquela dos 300 milhões de euros em investimentos. É preciso mais crescimento e luta contra o desemprego e menos política ligada ao rigor e ao mero respeito de parâmetros que pertencem mais ao passado do que ao futuro", disse Renzi. Mais do que o respeito aos tecnocratas, o premier continua com a ideia de uma mudança precisa ser realizada.

As críticas europeias recaem sobre a Lei de Estabilidade, que prevê um ambicioso corte de 18 bilhões de euros em impostos. A medida também inclui a manutenção do bônus de 80 euros mensais no Imposto de Renda de quem recebe salários de até 1,5 mil euros e a ampliação desse benefício para mulheres que acabaram de ter filhos. Os cortes nos gastos afetam tanto o governo nacional, como as cidades e as Regiões.

Economia e trabalho são os temas que Renzi pede uma maior união interna afirmando que "nem em tudo pensaremos da mesma maneira, mas é preciso aceitar o desafio de mudar a Itália".

Até porque, além das medidas econômicas, ele começará uma nova batalha: a reforma da lei eleitoral, que ele acredita que será votada e debatida mais rapidamente. A ideia é que ela já esteja em vigor nas próximas eleições do país, em 2018.

O primeiro-ministro da Itália tem como bandeira o programa "Mil Dias", que prevê reformas em 10 áreas em economia, política, educação e administração. Apesar de já ter conseguido alguns avanços, os temas mais polêmicos estão encontrando resistência tanto entre políticos como na sociedade. 

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