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Decisão de libertar Cesare Battisti foi “tapa na cara”, diz parente de vítima de terror na Itália

A libertação de Cesare Battisti provocou indignação entre parentes de vítimas de crimes que teriam sido cometidas ou teriam a participação do ex-ativista italiano. "Meu filho foi morto pela terceira vez", disse Andrea Campagna, pai de Maurizio, que teria sido assassinado por Battisti, que na época era militante do grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). "A primeira vez foi em 1979, nas mãos de Battisti. A segunda nos trinta anos de esquecimento. A terceira, enfim, com o veredicto da Corte Suprema brasileira", disse. "A libertação de Battisti é a enésima tapa na cara que nós, os parentes das vítimas do terrorismo, levamos", disse Adriano Sabbadi, filho de Lino, morto em 16 de fevereiro de 1979 pelo PAC, ao jornal italiano "Corriere della Sera".

Battisti foi julgado por um tribunal italiano que o considerou culpado pelos assassinatos de quatro pessoas entre 1977 e 1979, quando era militante do grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Sem estar presente no julgamento, ele foi condenado à prisão perpétua. O italiano nega os crimes, mas tanto o governo conservador como esquerdistas querem seu retorno ao país.

Para Alessando Santoro, filho de Antonio, diretor do presídio de Udine que teria sido assassinado por Battisti, em 6 de junho de 1978, a decisão da Justiça brasileira "é um ato de força e de poder de um país emergente, que torna legítimo um ato de força e violência do passado.

O italiano Bruno Berardi, filho do marechal Rosário Berardi, assassinado em 1978 pelo grupo armado de extrema esquerda Brigadas Vermelhas, criticou a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) de não extraditar e libertar o ex-ativista Cesare Battisti e pediu que, em represália, a Itália não participe da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil.

"O governo italiano deve retirar a participação da seleção italiana da Copa do Mundo de 2014 e de outros eventos semelhantes. A Itália também deve interromper relações comerciais com aquela nação", disse Berardi à imprensa italiana.

Battisti foi libertado na madrugada de hoje (9), quando deixou o Presídio da Papuda em Brasília, onde estava desde 2007. Ele sinalizou aos advogados que pretende ficar no Brasil e continuar as atividades de escritor.

O alvará de soltura foi expedido pelo presidente do Supremo, Cezar Peluso, logo depois do julgamento, que teve placar de 6 a 3. A expectativa é que hoje (9) os advogados de Battisti – entre eles o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh – entrem com pedido, no Ministério da Justiça, para a obtenção de visto definitivo, uma vez que o italiano entrou de maneira irregular no Brasil.

Acusado de participar de quatro assassinatos na década de 70, a extradição de Battisti foi pedida pela Itália há quatro anos.

* Com informações da BBC

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