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Deputada ítalo-brasileira, Renata Bueno, fica surpresa com atraso de extradição de Pizzolato

O adiamento da extradição do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato pegou de surpresa a deputada ítalo-brasileira Renata Bueno.

A decisão foi anunciada pelo ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando. "Nós acompanhamos este caso desde o início, todas as fases jurídicas e técnicas até a garantia do governo brasileiro de que ele terá condições corretas no presídio. Não consigo entender como, nos últimos minutos, houve essa decisão. Estamos todos surpresos", disse a parlamentar à ANSA. Para ela, houve até certo "desrespeito" à Polícia Federal e aos demais integrantes da comitiva brasileira que iriam trazer Pizzolato ao Brasil, já que tudo estava pronto para realizar a ação na Itália.

Bueno, que está no Parlamento italiano, contou que o gabinete do Ministério da Justiça não soube explicar as motivações para essa mudança. Há dois dias, Orlando havia dito à imprensa que não acreditava em uma "solução diversa" sobre a extradição. A política, no entanto, entende que a atitude deve ter sido tomada "por uma cautela a mais", pois o governo tem sido muito "cauteloso durante todo o processo para evitar uma nova crise diplomática" entre os dois países. A representante ainda destaca que todas as fases jurídicas, incluindo a Corte Europeia, já foram esgotadas.

Sobre o fato da defesa usar o argumento que Pizzolato precisa responder ao crime de falsidade ideológica na Itália, em audiência agendada para o dia 14 de dezembro, a deputada acredita que isso seja mais uma manobra do que um impedimento para a extradição. Segundo Bueno, o condenado no processo do mensalão já foi ouvido pelo Tribunal de Módena sobre o caso e não há a necessidade de comparecer novamente ao local para se defender. Além disso, esse é um "crime muito irrelevante" em comparação com "o julgamento do mensalão".

Nessa acusação, Pizzolato precisa responder ao fato de ter entrado na nação europeia usando um passaporte falso. Ao fugir do Brasil – e para não ser barrado na chegada à Itália -, o ex-diretor utilizou os dados de seu irmão Celso, que morreu há mais de 30 anos. Já os advogados de Pizzolato argumentam que enviar seu cliente ao Brasil feriria seu "direito de defesa", garantido pela Constituição italiana. Isso porque, há uma lei que impede a extradição do cidadão com dupla cidadania que esteja respondendo a um crime judicialmente. – Interferência do presidente da República: Sobre a possibilidade do presidente da República, Sergio Mattarella, interferir na questão, Bueno explica que não acredita neste fato. Na Itália, diferentemente do Brasil, quem tem a última palavra nessas situações é o ministro da Justiça e não o mandatário. "Claro que a palavra do presidente seria ouvida, mas ele não é o Poder que decide", destaca. Ela ainda comentou que conversou ontem com a assessoria do Gabinete presidencial e que existe o entendimento de que essa questão pertence à Justiça brasileira.

Também nesta quarta, a comissão de senadores que tenta impedir a extradição de Pizzolato enviou uma carta a Mattarella para que ele agisse contra a decisão judicial e evitasse a extradição e para que o processo pudesse ser "reexaminado com calma". – O caso: Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do mensalão. Ele fugiu para a Itália em 2013, logo após a condenação judicial, e, desde o ano passado, o caso vem se arrastando na Justiça. No dia 22 de setembro, o Conselho de Estado autorizou a extradição e o Ministério da Justiça agendou para o dia 7 de outubro a expulsão do ítalo-brasileiro.

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