
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse a ele que estará pronta para assinar o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul no começo de janeiro.
O petista acrescentou em seu discurso na cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, que a líder italiana recuou em virtude de alguns problemas com os produtores agrícolas do país. A premiê também citou em um telefonema recente com Lula que a distribuição de verba para a agricultura da UE estava prejudicando a Itália.
“Tive uma conversa por telefone com Meloni, e ela disse que, no começo de janeiro, estará pronta para assinar [o acordo]. Se realmente estiver pronta e faltar apenas a França, segundo Von der Leyen e Costa, não haverá possibilidade de a França, sozinha, impedir o acordo, e ele será firmado. Espero que seja assinado, quem sabe, já no primeiro mês da presidência do Paraguai”, avaliou Lula.
“Tínhamos em nossas mãos a oportunidade de transmitir ao mundo uma mensagem importante em defesa do multilateralismo e de fortalecer nossa proteção estratégica em um cenário global cada vez mais competitivo. Infelizmente, a Europa ainda não se decidiu. Líderes europeus pediram mais tempo para discutir medidas adicionais de proteção agrícola. Sem vontade política e coragem dos dirigentes, não será possível concluir uma negociação que já se arrasta por 26 anos. Enquanto isso, o Mercosul seguirá trabalhando com outros parceiros”, acrescentou.
De acordo com fontes diplomáticas de Bruxelas, na Bélgica, a UE pretende assinar o pacto de livre comércio com o bloco sul-americano no próximo dia 12 de janeiro, no Paraguai. O fechamento do acordo estava previsto para hoje, mas foi adiado.
A votação do acordo na UE foi postergada devido à resistência de países como França e Itália, que pedem mais garantias para o setor agropecuário europeu contra a competição com produtos mais baratos do Mercosul.
A principal demanda de Roma é que o tratado assegure reciprocidade para o agro em questão de regras trabalhistas e fitossanitárias, já que alguns pesticidas proibidos na UE são utilizados amplamente por produtores sul-americanos.



