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Primeiro-ministro italiano Mario Monti diz que mercados estão mais tranquilos, porém ainda há riscos

A aceitação excelente que o plano "Salvar a Itália" teve nos mercados europeus não significa que o duro programa de ajustes apresentado pelo primeiro-ministro Mario Monti não terá que superar novas e difíceis provas nos próximos dias.

A gigantesca e implacável "manobra"econômica do chefe de governo acabou ontem sob a lupa dos partidos, que pediram várias mudanças; e até a influente Igreja Católica fez comentários críticos ao plano.

Confrontado com essas pressões, Monti disse sem rodeios que, sem o plano de ajuste, o destino da Itália seria o mesmo que o da Grécia.

"Sem este pacote, a Itália entraria em colapso e cairia em uma situação semelhante à da Grécia, um país pelo qual temos uma enorme simpatia, mas que não queremos imitar", disse Monti em declarações na sede em Roma da imprensa estrangeira.

"Queremos ajudar a salvar a Itália", disse o premier, que aparentemente não descartou incluir algumas pequenas alterações em seu programa, desde que elas não modifiquem radicalmente o plano.

O dia foi positivo para Monti, que viu a boa recepção dos mercados ao seu plano. Também muitos jornais estrangeiros elogiaram a nova austeridade italiana, isso sem mencionar as declarações de alguns líderes europeus, como a chanceler alemã Angela Merkel, que definiu como "impressionantes" as medidas do premier.

A Itália vive uma lua de mel com o "professor" Monti, que no entanto está ciente que deve permanecer atento e não dar passos em falso, posto que este sentimento pode se transformar rapidamente em rejeição.

Ao apresentar o plano de "salvar a Itália" na Câmara dos Deputados, Monti reconheceu que as medidas são "dolorosas" para todos, mas destacou que os sacrifícios são "temporários" e atingem indistintamente todos os italianos.

Com aberturas para possíveis mudanças no decreto, o primeiro-ministro se manteve firme em um ponto-chave: o fato de que não há alternativa ao plano, sem o qual "a Itália poderia arrastar toda a Europa para o abismo".

Em outras palavras, o premier italiano está convencido de que apertar os cintos hoje significa salvar o amanhã: pelo menos este é o enfoque de sua explicação aos italianos da "manobra" econômica.

Monti tampouco escondeu que o plano é apenas o "primeiro passo", visto, por exemplo, que há outras áreas-chave (tais como a reforma laboral), necessárias para que a Itália consiga superar a crise, sair do impasse e voltar a crescer.

Neste momento, politicamente o plano funciona. Monti deixou a Câmara aplaudido pelos deputados, a exceção dos membros da Liga Norte, partido que se disse 'da oposição' e está claramente contra Monti.

Seu antecessor, Silvio Berlusconi, comentou por sua vez, que quer continuar a apoiar o governo, mas que existem algumas medidas que "não o convencem". 

Na frente oposta à do ex-premier conservador, o líder do Partido Democrata (o maior da oposição), Pierluigi Bersani, não escondeu sua contrariedade frente às drásticas mudanças no sistema de aposentadoria do país e pediu a Monti para ser "menos duro" nesta área tão fundamental. 

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