
Uma sessão da Comissão de Defesa da Câmara dos Deputados da Itália foi marcada por momentos de tensão, antes de um programa que prevê a compra de instrumentos tecnológicos de empresas israelenses receber o sinal verde dos parlamentares.
Diante da guerra deflagrada na Faixa de Gaza, a oposição, em particular o deputado da coligação Aliança Verdes e Esquerda (AVS), Marco Grimaldi, pediu a suspensão da medida, que foi aprovada pela maioria.
Apesar de estar presente na reunião, mesmo sem ter participado dela, Grimaldi dirigiu duras acusações à maioria dos deputados, gritando: “Vocês são péssimos”.
Na sequência, ocorreu um acalorado confronto verbal com a maioria, principalmente contra alguns membros do partido Irmãos da Itália (FdI), da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Logo depois, o deputado da AVS, usando um keffiyeh (lenço utilizado no Oriente Médio) no pescoço, gritou para “interromper toda atividade comercial” com Israel, já todos “acabaram de votar – não em nosso nome – luz verde para a compra de ferramentas para segurança cibernética”.
“O vice-presidente da Câmara acabou de me dizer: ‘Estamos comprando de Israel uma tecnologia necessária para a nossa segurança, que não mata crianças’. Mas você consegue imaginar comprar um parafuso sequer de alguém que comete crimes de guerra? Não nos sentimos enojados?”, questionou.
Grimaldi apelou para o governo italiano não comprar “nada de alguém que deseja o extermínio de um povo”.
Com a votação encerrada, o Partido Democrático (PD) também se posicionou oficialmente contra “a medida do governo que autoriza a compra de tecnologias militares de Israel”, porque “esta é uma escolha que consideramos equivocada e politicamente míope, especialmente à luz da dramática escalada em curso na Faixa de Gaza”, segundo os membros da legenda.
A sigla de oposição também destacou “a necessidade de uma reflexão política mais ampla” sobre o assunto e pediu que “o Parlamento seja colocado em posição de avaliar com plena consciência as implicações políticas, éticas e estratégicas de decisões deste tipo”.
Já o Movimento 5 Estrelas (M5S) criticou o programa, que “foi votado e aprovado apenas com os votos de uma maioria governamental vergonhosa”, e acusou o governo de, “como demonstrado pelos 155 milhões em importações de guerra israelenses no ano passado, não ter vergonha de financiar o complexo industrial militar israelense que está realizando o genocídio desumano em Gaza”.