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Alitalia aumenta em 85% voos entre Brasil e Itália

Em meio a um processo de reestruturação e sob intervenção do governo italiano, a companhia aérea Alitalia anunciou um aumento de 85% na oferta de voos no Brasil a partir de novembro.

O Rio de Janeiro, que hoje conta com apenas três voos semanais para Roma, passará a ter sete, o que corresponde a um incremento de 104% na oferta. Já São Paulo ficará com 10 voos semanais, contra os sete de atualmente, aumentando em 43% a frequência. De acordo com o CCO (Chief Commercial Officer) da Alitalia, Jorge Vilches, a companhia acredita na retomada econômica do Brasil e mantém o país como zona estratégica.

“Nossos voos internacionais estão focados em onde se concentram as comunidades italianas no mundo. São Paulo e Rio de Janeiro são rotas importantes com resultados excelentes. Além da comunidade italiana presente aqui, há muito interesse dos brasileiros em turismo na Itália”, afirmou Vilches.

“Não queremos parar de crescer. Tentaremos chegar à oferta de dois voos diários São Paulo-Roma. Mas vamos ver como será a resposta do mercado agora e manteremos esse objetivo para médio prazo”, informou o CCO. Além da oferta maior de voos no Brasil, a Alitalia incrementou sua presença na Argentina e criou um voo direto do México à Itália, focando no público latino-americano. Duas novas rotas internacionais também foram lançadas recentemente, sendo uma nas Maldivas e outra em Nova Déli, capital da Índia.

O aumento na oferta de voos internacionais faz parte da estratégia comercial da Alitalia, já que representam os trechos mais lucrativos para a empresa. “Em voos internos, a Alitalia compete com companhias de baixo custo, como a Ryanair e a Easyjet, e elas obviamente têm operações mais baratas. Os voos internacionais são mais rentáveis para nós e é onde temos vantagens competitivas”, disse Vilches.   

Crise – Em um encontro com jornalistas em São Paulo, o CCO da Alitalia minimizou os efeitos da crise financeira da companhia e demonstrou otimismo com as soluções para evitar a falência. Atualmente, a Alitalia está sendo gerenciada por administração extraordinária, com intervenção de três comissários indicados pelo governo italiano.

Em abril, os funcionários da Alitalia rejeitaram em plebiscito um business plan para salvar a companhia, pois o plano previa a demissão de 980 pessoas, além de cortes de salários. Sem a aprovação do plano, a Alitalia ficou impedida de receber aporte de 2 bilhões de euros de seus acionistas e credores e precisou receber intervenção do governo para buscar um comprador para a companhia. “Não é nada que não tenhamos já vivenciado. É uma situação bastante normal no setor aéreo”, disse Vilches. “A administração extraordinária nos permite tomar medidas que precisávamos, aplicar reformas, rever contratos, reestruturar toda a empresa”, comentou.

Entre as reformas adotadas pela companhia aérea, estão a redução do quadro de trabalhadores. Dos 12 mil trabalhadores, 300 foram demitidos e outros 900 tiveram a jornada reduzida, com compensação paga pelo governo italiano. Também estão sendo revisados contratos de serviços e de leasing de aeronaves e implementadas novas tecnologias para otimizar os sistemas para comercialização de bilhetes e tarifação média.

Atualmente, a Alitalia é formada por 49% de ações pertencentes à companhia Etihad Airlines. Os outros 51% pertencem à holding Compagnia Aerea Italiana (CAI), cuja principal acionista é a empresa pública de correios Poste Italiane (19,5%), atrás do banco privado Intesa Sanpaolo (20,5%).

O cenário, no entanto, pode mudar em breve, já que em 21 de julho se esgota o prazo para que empresas interessadas na compra da Alitalia apresentem suas propostas. Até o momento, a Alitalia recebeu 33 envelopes com propostas de várias modalidades: compra de 100% das operações, participação parcial ou apenas em contratos específicos.

A lista, que permanece sob sigilo, inclui a norte-americana Delta, a alemã Lufthansa, as britânicas British Airways e EasyJet, a irlandesa Ryanair e até a própria Etihad, dos Emirados Árabes Unidos. Mas a legislação europeia impede que uma empresa de fora do continente detenha mais de 49% das ações total de uma companhia local. “Nós preferimos uma empresa que queira participar da Alitalia como um todo. Estamos proibidos de comentar a lista, pois estamos no meio do processo de escolha. Mas o fato de recebermos 33 ofertas é muito positivo”, disse Jorge Vilches, ressaltando que, caso nenhuma proposta seja aceita, a Alitalia tem liquidez para continuar sob administração extraordinária por mais dois anos.

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