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“A Comédia à italiana” na opinião do cineasta Ettore Scola

"Aqueles que faziam a chamada comédia à italiana o faziam para nos ajudar a entender o mundo em que vivíamos, mas a realidade estava sempre presente em nós", declarou Ettore Scola, último representante vivo desse gênero cinematográfico aclamado e imitado em todo o mundo.

Falando ao jornal La Repubblica, o criador de "Um dia muito especial" e "Nós que nos amávamos tanto", que comemorou seus 80 anos em 10 de maio último, lamenta: "Nós amávamos a Itália. Hoje já não é assim, mas, por outro lado, quem pode amaro nosso país… Eu entendo que muitos migram em busca de um sucesso que não encontram aqui e aquele sentimento de pertencer que nós tínhamos já não existe mais".

Scola revela que parou de fazer cinema há 10 anos, depois que desistiu de "dirigir um filme com Gérard Depardieu para a Medusa, de propriedade de nosso premier Silvio Berlusconi, quando ele, para mostrar sua liberalidade, declarou publicamente que estava produzindo o filme de um comunista".

"Eu imediatamente chamei a Medusa para dizer-lhes que nunca, em toda minha carreira, precisei de um mecenas e muito menos a essa altura de minha vida, e que por isso não dirigiria o filme", revelou Scola, acrescentando que "eles foram muito compreensivos, porque em vez de me processar pelos contratos firmados, se declararam esperançosos por uma colaboração futura".

"O filme era a história um pouco crepuscular de um velho livreiro (Depardieu) que se apaixona por uma jovem cliente (Audrey Tatou) e que compreende que a relação não tinha futuro e ela, ciente disso, facilita sua saída ao se apaixonar por um coetâneo", comentou Scola.

"Atualmente eu leio muito, principalmente os clássicos latinos, e me dói pensar que não terei tempo para ler tudo o que desejo. Quando vejo meus colegas que continuam filmando – como Carlo Lizzani e Giuliano Montaldo e passam a vida esperando que a RAI (a emissora estatal de rádio e televisão italiana) lhes permita fazer um filme, eu prefiro me conformar com minha aposentadoria de € 1.400 e evitar a humilhação de esperar o telefonema de um produtor".  (ANSA)

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