O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, insinuou que o atentado ocorrido contra um quartel militar na cidade de Milão poderia estar relacionado à polêmica que cerca a presença de tropas do país no Afeganistão.
Em declarações concedidas à imprensa em Nova York, La Russa qualificou o ataque como "um fato grave". Ele lembrou que as investigações ainda estão em curso, e que por isso não se sabe se o responsável "agiu sozinho" ou se ele tem vínculos com algum grupo.
Ainda assim, considerou que se trata de "um atentado simbólico contra" as Forças Armadas do país e não descartou a hipótese de que ele tenha relação com a presença militar italiana no Afeganistão.
"Seria interessante investigar se os debates ocorridos nas últimas semanas, quando muito se falou sobre a possível retirada de nossas tropas do Afeganistão, têm incentivado ações terroristas", disse.
Por volta das 8h locais desta segunda-feira (3h em Brasília), um líbio de 34 anos, identificado como Mohamed Game, aproveitou a entrada de um carro para ter acesso ao quartel. Ao ser interceptado, ele detonou uma maleta que levava, ferindo levemente o cabo do Exército Guido La Veneziana, de 20 anos.
Game, por sua vez, sofreu ferimentos graves. Levado ao hospital, ele teve uma mão amputada. Seus olhos foram atingidos por estilhaços da bomba. Autoridades investigam as razões que levaram o líbio a praticar o ataque, mas testemunhas alegam que ele gritou palavras em árabe antes de explodir a maleta; algumas dizem que a fase foi "Fora do Afeganistão".
"Independentemente da natureza do ataque, que ainda não foi descoberta, continuo convencido de que nossa presença no Afeganistão serve para manter o terrorismo longe de nossa casa", afirmou o ministro La Russa.
Segundo fontes militares, o quartel atacado serve de base para alguns dos contingentes que atuam no Afeganistão, país em que a Itália mantém cerca de 2.800 soldados.
A polêmica sobre uma possível retirada ganhou força em meados de setembro, quando a explosão de um carro-bomba em Cabul matou seis oficiais italianos. Mohamed Game vive com uma italiana e tem filhos. Judicialmente, existe contra ele somente uma denúncia, de 2007, por venda de mercadoria roubada.