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Ministro italiano Franco Frattini diz que acordo com Irã não responde a dúvidas internacionais

O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, afirmou que o acordo firmado entre Brasil, Irã e Turquia representa um anúncio "positivo", mas não uma resposta às dúvidas em relação ao programa nuclear iraniano.
   
Em declarações em Madri, Frattini recordou que os questionamentos internacionais sobre a natureza do programa nuclear iraniano "ainda continuam sem uma resposta", referindo-se ao temor das potências mundiais de que esse país tenha objetivos bélicos.
   
O documento em questão foi firmado pelos governos de Brasil, Irã e Turquia após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à capital iraniana, iniciada no sábado passado e encerrada hoje.
   
Segundo o Itamaraty, o texto consta de dez itens e prevê que Teerã envie a Ancara 1,2 tonelada de urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 1,2 mil quilos de urânio enriquecido a 20%. Contudo, hoje, uma fonte do Ministério das Relações Exteriores iraniano anunciou que o país continuará a enriquecer urânio a 20%.
   
"Foi um anúncio positivo para o mundo inteiro, mas poucas horas depois vimos um porta-voz do governo iraniano diz que o urânio continuará a ser enriquecido em uma grande quantidade. Então, nem todas as perguntas foram respondidas", advertiu Frattini.
   
"A tentativa de Lula e do primeiro-ministro turco [Recep Tayyip Erdogan] é certamente um passo em frente, mas a meu ver não respondem a todas as dúvidas, às incertezas e aos questionamentos da comunidade internacional", continuou.
   
"Não há clareza sobre a quantidade de urânio enriquecido, mas, principalmente, não há clareza sobre o que queremos em relação à natureza absolutamente pacífica do programa nuclear iraniano inteiro. Este é o problema", complementou o chanceler, que afirmou que, agora, é necessário conhecer "melhor os termos do acordo", para verificar se "haverá ao menos um consenso".
   
A expectativa é que o Irã "adote uma linha de negociação com a comunidade internacional, que é o que queremos", enfatizou o ministro italiano.
   
O acordo — que será analisado pelo Grupo de Viena (Estados Unidos, Rússia e França) e pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — estabelece ainda o compromisso do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em prestar informações à AIEA e a buscar uma negociação com o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
   
Frattini falou sobre o tema em viagem à Espanha, onde participa da VI Cúpula América Latina e Caribe-União Europeia representando o premier Silvio Berlusconi, que não deve ir ao evento. Iniciada no último sábado, a reunião termina na próxima quarta-feira. (ANSA)

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