Catolicismo Romano

ESGOTO À CEU ABERTO – PARTE IV: A liturgia prostituída – Por Donato Rossetto

É bastante conhecida a expressão latina Lex Orandi, Lex Credendi. Por ela se quer explicar que nós rezamos aquilo que cremos.

Mas, na atual conjuntura do Catolicismo, será que rezamos aquilo que cremos, aquilo que a Igreja crê desde os tempos apostólicos? Sabemos da importância indiscutível da Missa na economia da salvação, mas a liturgia hodierna é, de fato, um veículo que nos oferece caminho seguro para a pátria celeste, dando-nos os meios necessários para a salvação?

Será que essa neo liturgia da missa celebrada – porque foi pensada – de modo antropocêntrico, caracterizada pela expressão “O Senhor esteja convosco⁄Ele está no meio de nós” realça o Cristo como centro de toda a vida da Igreja e, consequentemente, da liturgia?

Se o Cristo nessa nova concepção se dilui no meio do povo na assembleia, onde então se encontra a nossa integração com o sacerdote para oferecer à Deus um sacrifício agradável na Pessoa de Nosso Senhor? Nossas relações com Deus deveriam ser expressas pela Oração e pelo Sacrifício da Missa, ou seja, entendendo que a Missa é um Sacrifício e não um banquete, uma festa ou um memorial. A Missa é o Calvário! Como nos portaríamos diante do Senhor Crucificado? A pergunta que não silencia é: a liturgia atual, aquela promulgada em 1969 por Paulo VI, introduzida como o rito ordinário para toda a Igreja é entendida como sacrifício? Se ela foi elaborada, fabricada por uma comissão ecumênica reunindo liturgistas católicos progressistas e protestantes (que rejeitam historicamente a Missa como Sacrifício) ela pode ainda ser chamada Missa Católica? “Toda árvore, que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo. Vós os conhecereis, pois, pelos seus frutos.” (S. Mateus 7,19-20). Desde a introdução dessa deformidade litúrgica vamos assistindo um pulular de invencionices no altar, missas para todos os gostos e crenças.

Querem exemplos?

Missas Sertanejas onde não faltam o berrante, o chapéu de caubói, o aboio e todo um arsenal ridículo e desrespeitoso que em nada favorecem o aumento da fé, nem o alimento de almas que estão sequiosas do Eterno. Tais celebrações só vilipendiam a realeza de Nosso Senhor em Seu Santíssimo Sacramento, deformando a atuação do padre como representante da Igreja e desprezando o Cordeiro Sacrificial, pois ridicularizam o que é mais sagrado para nossa catolicidade: a Missa e o Sacerdócio.

Missas Afro que comungam de elementos pagãos trazidos pelos antigos escravos africanos e introduzidos pelos teólogos da libertação na Casa de Deus sob uma falsa e abominável ideia de inculturação. Verdadeiro acinte contra a sacralidade e a fé católica! Padres vestidos quais “pais de santo”, portando objetos que não condizem com seu sacerdócio e estranhos à própria liturgia, entoando canções vergonhosas que mais se adequam a espaços destinados às práticas feiticistas do candomblé. Chamar isso de Missa? Com qual propósito? Atrair gente para a Igreja como se fosse um circo?

Missas Carismáticas ou ditas de Cura e Libertação que fomentam a heresia e o escândalo, introduzindo no espaço sagrado atitudes comuns aos templos protestantes: gritos, danças, dessacralização, vulgaridades, falsos exorcismos, pseudo profecias, simulação de desmaios sob o pomposo nome de “repouso no Espírito” como se a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade compactuasse com tal achincalhe da fé e se conformasse aos caprichos bizarros de gente espiritualmente vazia e repleta de ações mundanizadas.

E, detalhe: todas as celebrações dessa nova liturgia são servidas por ministros leigos (homens e mulheres) que tocam despreocupadamente nas sagradas espécies, distribuindo-as como se fossem senhas ou biscoitos porque os sacerdotes atuais andam mais ocupados em administrar paróquias e finanças do que conduzir o rebanho de Cristo e zelar pela Casa do Senhor e a salvação de Seus filhos.

Como escrevi, há missas para todos os gostos, desgraçadamente. Menos a Missa Católica por excelência! Essa não atrai multidões, porque as multidões estão mais acostumadas ao berrante que chama o gado para o abate da fé. A Missa Católica não se preocupa com números, ela preocupa-se com a salvação das almas que a buscam porque sentem fome e sede de Deus e querem haurir de graças sobrenaturais que o naturalismo, o hedonismo, a ganância humana não podem oferecer. O povinho e os sacerdotes que os conduzem nessas encenações malsãs querem pão e circo. Idiotizados, não percebem que são qual massa manipulada que vai se afastando da Verdadeira Fé Católica e perdendo-se. Odeiam o Latim porque odeiam ou ignoram o sagrado. Odeiam a Liturgia Tridentina porque odeiam ou desconhecem a Igreja à qual dizem pertencer. Esta é a “lex orandi, lex credendi” de quem não sabe o que é Oração e muito menos Fé. São as águas do esgoto à céu aberto que correm abundantes dentro da Igreja há quase meio século e cujo fim devemos implorar ao Consumador dos Séculos, nos voltando verdadeiramente para Ele e rendendo-lhe culto através da santa, santificante e insubstituível Liturgia Católica, chamada pelo nome daquele soberano pontífice que a codificou, estabelecendo sua imutabilidade como inestimável tesouro à Igreja: São Pio V.

 

Donato Rossetto é jornalista especializado em religião e colaborador dos portais Catolicismo Romano e Rádio Italiana.

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