
O Papa Leão XIV visitou o Mosteiro de Annaya, no Líbano, onde está localizado o túmulo do santo eremita Charbel, e voltou a apelar pelo “dom da paz” em todo o mundo e pela unidade da Igreja.
O pedido foi feito no segundo dia de sua viagem ao Líbano, após uma primeira etapa na Turquia, durante a homenagem à tumba de São Charbel Makhouf — monge que viveu como eremita dedicado à oração, ao jejum e ao silêncio, até sua morte em 1898, em uma cela de pedra do mosteiro.
“Desejamos confiar à intercessão de São Charbel as necessidade da Igreja, do Líbano e do mundo”, disse o Papa, pedindo comunhão e unidade a partir “das famílias, pequenas igrejas domésticas, passando pelas comunidades paroquiais e diocesanas, até a Igreja universal”.
Em relação ao cenário global, Leão XIV “implorou” pela paz especialmente para o Líbano e para todo o Oriente Médio, lembrando “que não há paz sem conversão dos corações”. “Que São Charbel nos ajude a nos voltarmos para Deus e a pedir o dom da conversão para todos nós”, acrescentou.
Nascido Youssef Antoun Maklouf, São Charbel é considerado o santo mais popular do país e conhecido como o “Padre Pio do Líbano” pelos inúmeros relatos de cura atribuídos à sua intercessão, mesmo após sua morte. Ele foi canonizado em 1977 pelo papa Paulo VI.
Em outro momento marcado por forte simbolismo espiritual e intensa participação popular, o Papa visitou o Santuário de Nossa Senhora do Líbano, em Harissa, onde foi recebido por cerca de duas mil pessoas. Construído em 1904 e elevado a ícone nacional, o local é frequentado por peregrinos cristãos e muçulmanos, especialmente aos domingos e durante o mês de maio, para verenar Maria.
No Santuário, o Santo Padre destacou o papel de Maria como sinal de proximidade de Deus e de união entre os povos e falou sobre a necessidade de perseverança espiritual em meio ao sofrimento.
“A oração é a ponte invisível que une os corações e nos dá força para continuar esperando e trabalhando, mesmo quando o som das armas troveja ao nosso redor”, ressaltou, recordando a âncora presente no logotipo da viagem: “Se quisermos construir a paz, ancoremo-nos no céu.”
Diante de padres, religiosos e representantes das comunidades locais, condenou a exploração da vulnerabilidade dos jovens em tempos de crise e explicou que o amor tem “um poder unificador”, mesmo “em tempos de provação”.
“Somos traídos por pessoas e organizações que especulam sem escrúpulos sobre o desespero daqueles que não têm alternativa”, alertou.
Por fim, Leão XIV pediu maior protagonismo juvenil nas estruturas eclesiais e na reconstrução social do país: “É necessário oferecer-lhes perspectivas concretas de renascimento e crescimento para o futuro, mesmo entre os escombros de um mundo marcado por fracassos dolorosos.”
Em um momento mais leve de seu discurso, o Papa fez referência à culinária libanesa, elogiando sua diversidade e caráter comunitário. “A fragrância que emana das mesas libanesas é composta por mil aromas, fruto da partilha. Esta é a fragrância de Cristo: não um produto caro reservado aos poucos, mas o aroma de uma mesa generosa, onde todos têm lugar”, concluiu.



