Catolicismo Romano

PADRE JONAS DOS SANTOS LISBOA: “Especulações do novo papa naufragaram”

Quantas surpresas! Renúcia de Bento XVI, eleição rápida do seu sucessor, escolha de um sul-americano; um cardeal de 76 anos e um nome inédito! As especulações naufragaram fragorosamente. Muitos se esquecem de que quem escolhe o Papa é o Espírito Santo e não os homens. Não adianta especular sobre as intenções de Deus. Nosso Senhor sempre nos surpreende! Jesus certamente surpeendeu a muitos na escolha do primeiro Papa, principalmente depois da tríplice negação. Terminado o conclave, continuam no entanto as especulações sobre as intenções de Francisco. O Papa, seja quem for ele, vai sempre ser alvo de críticas, de calúnias e de meras suposições. Fala-se muito em mudanças na Igreja.

Mas de que natureza seriam estas tão almejadas mudanças? Certamente o que muitos entendem que o Romano Pontífice teria que aprovar seria o crime bárbaro do aborto, a aberração da realização de casamento gay, supressão do celibato sacerdotal, etc, etc.

Na esteira das mudanças viriam também as reformas litúrgicas. Mas que reformas seriam estas? Seriam no sentido de se introduzirem elementos profanos no sagrado ou de abolir e condenar os abusos litúrgicos que cada vez se tornam mais frequentes? Nesta reforma, o Papa daria um "xeque-mate" na liturgia tridentina revogando o "Motu Proprio Summorum Pontificum" ou reforçaria este mesmo documento? Porque nos preocupamos tanto com tantas hipóteses? Com que convicção rezamos no Credo o artigo CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA? Cremos ou não na infalibilidade do Santo Padre e que seja assistido sempre pelo Espírito Santo?

Há os que imaginam que este Papa possa revogar o Motu Proprio de Bento XVI. Em que fundamento se baseiam os que aventam esta possibilidade? Os Papas não agem conforme seus gostos pessoais, mas coforme as luzes que recebem de Deus. Se um dia o Papa Francisco ou um de seus sucessores quiserem fazer uma reforma litúrgica, abrangendo até mesmo a missa conhecida como de S. Pio V, eles teriam todo direito de o fazer, como outros tantos já o fizeram, e nós teríamos que acatar qualquer decisão neste sentido, porque como aprendemos na teologia, quando se trata de leis litúrgicas ou disciplinares universais, os Papas são infalíveis.

Papa nenhum da história abolirá o uso do latim na litúrgia. Poderá sim, torná-lo mais presente nas celebrações litúrgicas, conforme recomenda o Concílio Vaticano II em sua constituição litúrgica. É praxe na Igreja não abolir ritos centenários. Ao codificar a Missa tridentina, São Pio V preservou todos os ritos com mais de duzentos anos de existência. Não vamos nos preocupar agora com as possíveis mudanças que poderiam acontecer e que ninguém sabe quais e quando aconteceriam. Deixemos isso por conta de Jesus e de seu lugar-tenente que tem a graça de estado para isso. Vamos sim rezar muito por este que é o legítimo representante de Jesus aqui na terra. Vamos, a exemplo de Bento XVI em seu último discurso aos cardeais, prometer obediência incondicional aquele que agora ocupa a Cátedra de Pedro.

Viva o Papa e Deus o proteja, o Pastor da Santa Igreja!

Padre Jonas dos Santos Lisboa é colaborador dos portais "Catolicismo Romano" e ´"Rádio Italiana". Pertence ao clero da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Cursou Filosofia e Teologia no Seminário da Diocese de Campos dos Goytacazes. É titular da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São Fidélis, na cidade de São Fidélis, no Rio de Janeiro. Responsável pela celebração da Missa Tridentina, na forma extraordinária em latim, do rito romano, na Capela de Santa Luzia em São Paulo. Email para contato: contato@catolicismoromano.com.br

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