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Ex-líder da máfia italiana volta atrás e desiste de depor

Após ter surpreendido a Itália ao aceitar ser interrogado em um processo sobre as relações entre o Estado e a máfia, o ex-chefe da Cosa Nostra Salvatore “Totò” Riina, 86 anos, voltou atrás em sua decisão e anunciou que não responderá às perguntas dos promotores.   

“Estou doente, tenho um problema”, justificou o mafioso, que cumpre pena de prisão perpétua em uma penitenciária de Parma, por meio de uma videoconferência. Desde que foi detido, em 1993, Riina só deu declarações espontâneas e nunca se submeteu a um interrogatório.   

“Esse é um processo vazio, não há motivo para o meu cliente se recusar a responder”, havia dito seu advogado, Giovanni Anania, na semana passada. O caso em questão investiga um suposto pacto entre as instituições italianas e a máfia no início dos anos 1990.   

A suspeita é que o Estado tenha oferecido relaxamento de sentenças a criminosos em troca do fim dos atentados cometidos pela Cosa Nostra, que, entre outros, mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, ambos a mando de Riina.   

Até aqui, o ex-boss acompanha o julgamento em videoconferência, mas sem responder a questionamentos. Nenhum dos outros nove réus do processo, incluindo mafiosos arrependidos, ex-políticos e ex-policiais, aceitou ser interrogado.   

“Nunca acreditamos que o mafioso Riina falaria de maneira positiva. São mafiosos, não falam, fizeram muitos acordos sujos com o Estado, e suas ‘famílias’ estariam em perigo fora da prisão”, afirmou Giovanna Maggiani Chelli, presidente da associação que reúne as vítimas do atentado da via dei Georgofili, que ocorreu em maio de 1993, em Florença, e deixou cinco mortos.   

“Totò” Riina comandou o clã dos Corleone entre 1982 e 1993 e é considerado o mais sanguinário dos mafiosos italianos, tendo instaurado um período de terror na Sicília. Após sua prisão, a liderança da Cosa Nostra passou para Bernardo Provenzano, que iniciou a “pacificação” entre as várias facções da máfia.    Provenzano morreu em julho de 2016, aos 83 anos.

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