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POLÍTICA ITALIANA: Vetos travam frente ampla contra extrema direita na Itália

Enquanto a coalizão conservadora segue favorita para vencer as eleições de 25 de setembro na Itália, partidos de esquerda e centro encontram dificuldades para formar uma frente ampla capaz de desafiar a extrema direita.

Todas as pesquisas mostram um empate técnico entre a legenda ultranacionalista Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni, e o social-democrata Partido Democrático (PD).

No entanto, ao passo que o FdI integra uma coalizão com outras duas grandes forças (Liga, de Matteo Salvini, e Força Itália, de Silvio Berlusconi), o PD fechou aliança apenas com um pequeno partido de esquerda, o Artigo Primeiro, e mantém negociações para ampliar a coalizão.

“Estamos empenhados em fazer prevalecer o espírito unitário, porque acreditamos que, para vencer nessa situação, é absolutamente necessário valorizar o que nos une, não o que nos divide”, diz um comunicado divulgado pela direção do PD, partido comandado pelo ex-premiê Enrico Letta.

“Cada divisão hoje representaria um presente para a direita que a Itália não pode se permitir”, acrescenta a legenda de centro-esquerda.

A busca por uma ampla coalizão é reflexo do sistema eleitoral italiano, que mistura voto proporcional com distrital.

Das 600 vagas na próxima legislatura, 366 (244 na Câmara e 122 no Senado) serão distribuídas por meio de listas fechadas apresentadas pelos partidos, segundo o percentual obtido por cada legenda na eleição.

Outras 222 (148 na Câmara e 74 no Senado) serão definidas por voto distrital: cada coalizão ou partido apresenta um candidato para determinado distrito, e apenas aquele que terminar em primeiro é eleito. As 12 cadeiras restantes (oito na Câmara e quatro no Senado) serão de parlamentares eleitos pelos italianos no exterior.

Dessa forma, partidos que se unirem terão mais chances de vitória nos colégios distritais, onde apenas o candidato mais votado será eleito. “Precisamos construir, sem vetos recíprocos, uma aliança que mantenha o forte empenho europeísta do governo Draghi e que seja capaz de consolidar o crescimento, combater as desigualdades e enfrentar com credibilidade a emergência econômica, social e ambiental”, afirma o PD.

O partido tenta construir uma aliança que englobe o partido de centro Ação, o ainda misterioso Empenho Cívico, recém-formado pelo ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, dissidente do populista Movimento 5 Estrelas (M5S), o Esquerda Italiana e o ambientalista Europa Verde, todos eles na faixa de um dígito nas pesquisas.

No entanto, o eurodeputado e ex-ministro do Desenvolvimento Econômico Carlo Calenda, líder do Ação, é contra uma aliança tão heterogênea. “A direita pode ser derrotada com uma proposta de governo, não misturando todo mundo. Do contrário, é melhor que o Ação fique fora da coalizão”, disse ele ao jornal Corriere della Sera.

Já o ex-premiê Matteo Renzi, líder do partido de centro Itália Viva (IV) e dissidente do PD, disse que tem diferenças de “ideias” com sua antiga legenda. “Por isso, trabalhamos em uma terceira via, diferente da direita soberanista e da esquerda dos impostos”, reforçou o ex-primeiro-ministro, que luta para fazer o IV superar a cláusula de barreira de 3%.

“Queremos chegar aos 5%. O verdadeiro voto útil é mandar gente competente para o Parlamento”, acrescentou. Enquanto isso, a coalizão da direita já começa a pensar em um possível governo. “Berlusconi está refletindo sobre algumas personalidades importantes”, revelou nesta segunda o coordenador nacional do Força Itália, Antonio Tajani.

Recentemente, a aliança chegou a um acordo para dar ao partido mais votado da coligação a prerrogativa de indicar o próximo premiê, papel que hoje caberia ao Irmãos da Itália, de Meloni.

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