Catolicismo Romano

Papa Francisco rejeita proposta de ordenação de homens casados como padres na Amazônia

O Papa Francisco descartou a possibilidade de ordenação de homens casados como padres na região amazônica. Ele também rejeitou a ordenação feminina. Ambas as medidas haviam sido propostas no sínodo da Amazônia, no ano passado, que ocorreu no Vaticano.
 
A possibilidade de ordenar homens casados havia sido aprovada, por 128 votos a 41, durante o encontro, mas não agradou a alguns membros da Igreja, que temiam que isso pudesse levar a uma mudança no compromisso secular de celibato entre os padres, diz a Reuters.
 
Mas a proposta não é nem mencionada no texto, de 32 páginas sobre o encontro, sob o nome de “Exortação Apostólica Pós-Sínodo”. Uma exortação apostólica serve para instruir e encorajar os fiéis católicos, mas não define a doutrina da Igreja.
 
No texto, em vez de falar da possibilidade de ordenação para homens casados, o pontífice diz que novas maneiras devem ser encontradas para incentivar mais padres a trabalharem na região remota e permitir papéis maiores para leigos e diáconos permanentes, assim como para mulheres.
 
Homens casados podem se tornar diáconos, que, como padres, são ministros ordenados. Eles podem pregar, ensinar, batizar e administrar paróquias, mas não rezar a missa. Por causa disso, em ao menos 85% das aldeias amazônicas as pessoas não podem participar da liturgia todas as semanas — e algumas não o fazem há anos, segundo a Reuters.
 
“Essa necessidade urgente me leva a exortar todos os bispos, especialmente os da América Latina (…), a serem mais generosos em incentivar aqueles que demonstram uma vocação missionária a optar pela região amazônica”, escreveu Francisco.
 
O pontífice destacou a “força e dádiva” das mulheres, mas descartou a ordenação feminina. Uma comissão de estudo da Igreja havia debatido a possibilidade do diaconato feminino, mas a questão não foi decidida. O sínodo da Amazônia propôs a ordenação de mulheres como diáconas.
 
“Por séculos, mulheres mantiveram a Igreja nesses lugares [na região da Amazônia] por meio de sua devoção notável e fé profunda. Isso nos convoca a ampliar nossa visão, para não restringirmos nosso entendimento da Igreja a suas estruturas funcionais. Tal reducionismo nos levaria a acreditar que as mulheres receberiam maior status e participação na Igreja somente se fossem admitidas nas Ordens Sagradas”, disse Francisco.
 
“Isso nos levaria a clericalizar as mulheres, diminuir o grande valor do que elas já realizaram e, sutilmente, tornar sua contribuição indispensável menos eficaz. As mulheres contribuem para a Igreja de uma maneira que é adequadamente sua, ao tornar presente a tenra força de Maria, a Mãe”, acrescentou o pontífice.
 
Conservadores temiam que, se Francisco aceitasse a proposta, outros lugares com escassez de padres seguiriam o mesmo caminho — até mesmo países desenvolvidos, como a Alemanha, onde a questão está sendo discutida.
 
Mesmo antes de alguns encontros que ocorreram no país em dezembro, o Vaticano enviou duas cartas aos alemães para deixar claro que eles não determinavam como esses temas deveriam ser abordados — mas as reuniões, chamadas de “caminho sinodal”, começaram apesar dos alertas.
 
Em janeiro, um livro publicado pelo cardeal guineense Robert Sarah sobre o celibato clerical trouxe o assunto mais uma vez à tona, dessa vez envolvendo o Papa Emérito Bento XVI. Na obra, em que o pontífice emérito aparece como coautor, Sarah defende a manutenção do celibato pelo clero. Mas Bento XVI afirmou que não era coautor do livro e pediu que seu nome fosse retirado dele.
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