Notícias

POLÍTICA: “Canguru” aumenta tensão em debate sobre reforma no Senado Italiano

O canguru é o mais novo protagonista do acalorado debate no Senado italiano sobre o projeto de reforma que acaba com o bicameralismo paritário no país. Enquanto examinava as quase oito mil emendas apresentadas pela oposição para retardar a votação da medida, o plenário da Casa rejeitou, de uma vez só, 1,4 mil delas por meio de um instrumento apelidado com o nome do marsupial, provocando protestos dos parlamentares contrários ao governo.

Esse recurso permite agrupar emendas que possuem conteúdo análogo. Ou seja, uma vez refutada a primeira, todas as outras caem, dando à situação uma maneira de evitar obstrucionismos no Congresso. A decisão de aplicar o "canguru" foi tomada pelo presidente do Senado, Pietro Grasso, que pertence ao Partido Democrático (PD), liderado pelo premier Matteo Renzi.

A medida causou tanta polêmica que Grasso foi obrigado a interromper a sessão desta última quarta-feira para convocar a Junta para o Regulamento da Casa, que, por um placar de 10 votos a quatro, decidiu pela legalidade do "canguru". Os senadores que ficaram contra pertencem ao Movimento 5 Estrelas (M5S), do comediante Beppe Grillo, ao socialista Esquerda, Ecologia e Liberdade (SEL) e ao partido de extrema-direita Liga Norte.

Isso atrasou ainda mais a deliberação das emendas, tornando cada vez mais improvável a votação final do projeto até 8 de agosto, como deseja o governo. "Nós não perdemos a paciência. Obrigado aos senadores que estão apoiando essa reforma", escreveu Renzi no Twitter. Segundo ele, a nova lei não é o capricho de um primeiro-ministro autoritário, mas sim o único caminho para tirar a Itália do "pântano".

A reforma

No último dia 21, o Senado começou a analisar um projeto de lei que acaba com o bicameralismo paritário na Itália. A iniciativa tem causado polêmica porque transforma a Casa em uma espécie de "Câmara das Autonomias", sem membros eleitos diretamente pelo povo.

Ao invés dos atuais 315 senadores, ela seria composta por 100, dos quais cinco seriam nomeados pelo presidente e os outros 95 seriam prefeitos e membros de assembleias legislativas. Além disso, esses novos "senadores" não receberiam salários e nem teriam direito a votar temas como a confiança ao governo e o orçamento, função que caberia apenas aos deputados.

No entanto, eles continuariam tendo papel em algumas questões, como a discussão de reformas constitucionais.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios