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POLÍTICA ITALIANA: Enrico Letta renuncia oficialmente ao cargo de primeiro-ministro da Itália

Derrubado pelo seu próprio partido, o primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, entregou o seu pedido de renúncia irrevogável ao presidente Giorgio Napolitano, encerrando assim uma experiência de nove meses e meio no comando de um dos governos mais instáveis da Europa.
Enrico Letta deixa o governo, após renúnciaA queda foi decretada após a direção do Partido Democrático (PD), legenda de centro-esquerda à qual Letta pertence, aprovar por ampla maioria a retirada do apoio a ele. O movimento foi iniciado por Matteo Renzi, de apenas 39 anos, que assumiu a secretaria da sigla em dezembro de 2013.

Conhecido pelo seu estilo agressivo, o prefeito nunca poupou críticas ao atual governo, que acusa de lentidão para implantar as reformas políticas e econômicas necessárias para tirar o país da crise.

Por ser líder do principal partido do Parlamento, ele será chamado por Napolitano para apresentar um novo Executivo, mas terá que comprovar que possui maioria no Congresso. Contudo, os principais grupos opositores, como o Movimento 5 Estrelas (M5S) e o Forza Italia (FI), defendem a realização de eleições para definir o próximo premier. Já o Nova Centro-Direita (NCD), do atual vice-primeiro-ministro, Angelino Alfano, ainda não anunciou se vai apoiar um gabinete chefiado por Renzi.

Nove meses de crise Nascido na cidade de Pisa em agosto de 1966, Enrico Letta assumiu o poder na Itália em abril de 2013, após dois meses de impasse. No pleito realizado em fevereiro do ano passado, nenhum partido ou coalizão conseguiu obter a maioria absoluta no Congresso, que ficou dividido entre três forças rivais: a centro-esquerda, a centro-direita e o M5S, do comediante Beppe Grillo.

O então secretário do PD, Pier Luigi Bersani, foi encarregado de formar um gabinete, mas fracassou. Por isso o presidente Giorgio Napolitano repassou a missão a Letta, vice-líder da legenda, que conseguiu enfim dar forma a um novo governo. No entanto, para isso, ele teve que costurar uma frágil aliança com o extinto Povo da Liberdade (PDL), liderado na época por Silvio Berlusconi.

Chefiando uma inusitada coalizão entre a centro-esquerda e a centro-direita, o agora ex-primeiro-ministro enfrentou uma série de crises políticas durante seu mandato, além dos problemas econômicos enfrentados pela Itália desde 2008. Em outubro, o Cavaliere ameaçou retirar seu apoio ao governo, mas voltou atrás em cima da hora após um racha no PDL.

Quase dois meses depois, às vésperas de ser cassado, Berlusconi anunciou a recriação do Forza Italia e deixou a base aliada. No entanto, um grupo de descontentes liderados por Angelino Alfano rompeu com ex-senador e fundou o NCD, garantindo a maioria suficiente para manter Letta no poder.

Mas ao mesmo tempo, Matteo Renzi completava sua ascensão no PD, assumindo a secretaria da sigla. Desde então, ele vinha exercendo forte pressão sobre o pisano, mesmo ambos pertencendo ao mesmo partido. O golpe final do prefeito de Florença foi uma proposta feita à direção da legenda para retirar o apoio ao governo. Aprovada por 136 votos a 16, a medida decretou o final da experiência de Enrico Letta como primeiro-ministro da Itália.

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