Notícias

Brasileira nega ilegalidades em casos de cidadania italiana

A brasileira Soraya De Santana Piloto, investigada pela Procuradoria da República em Florença em um inquérito sobre supostas irregularidades nos processos de obtenção de cidadania italiana, garante que é inocente.

Após a publicação da matéria sobre o caso, Piloto procurou a agência Ansa para esclarecer a situação e afirmar que “confia absolutamente” na magistratura. As denúncias surgiram em Rignano sull’Arno, onde um funcionário que já havia chefiado o escritório de anágrafe e estado civil, Pier Nicola Pelagi, foi suspenso no âmbito da investigação.

No momento do afastamento, confirmado por meio de uma nota da Prefeitura em 6 de maio, Pelagi ocupava outro cargo na administração municipal. Envolvida no inquérito, Piloto, que trabalha como assessora para brasileiros que buscam a cidadania, alega que o teor da matéria “deixa margens a lamentáveis conclusões” e ressalta que “não existe nem existiu ordem de prisão para nenhum dos envolvidos”.   

Piloto diz que espera esclarecer a verdade “o mais brevemente possível” e que a Justiça “prevaleça”. “No regime de mais absoluta confiança na Justiça deste país, onde vivo há mais de 23 anos, acato todas as diretivas apontadas pelos órgãos judiciários na mais plena certeza de que a justiça será feita.   

Confio absolutamente na magistratura”, afirma.   

Ela defende que as denúncias partiram de brasileiros – inclusive alguns assessores – com “interesses escusos e desconhecedores da legislação italiana”. “Tendo em vista as graves acusações envolvendo uma matéria tão delicada e, ainda, apontado o suposto envolvimento de um servidor público, a autoridade competente decidiu forçosamente a apurar os fatos”, diz Piloto.   

A assessora conta que houve um “longo e minucioso inquérito” que analisou toda a documentação referente a pedidos de reconhecimento de cidadania iure sanguinis. “O inquérito acabou por se estender por um período de dois anos, não encontrando um único documento falso apresentado pelos clientes por mim assessorados”, acrescenta.   

Em um segundo momento, a Procuradoria passou a investigar outras denúncias, desta vez sobre um suposto esquema de corrupção (as primeiras se referiam a falsificação de documentos). Foi quando ocorreu o afastamento de Pelagi. Piloto diz trabalhar em um setor “muito ambicionado, onde vigora uma feroz concorrência, que na maioria dos casos é também desleal”. “Todavia não cabe a mim o papel de apontar nomes. Confio na Justiça e sei que no momento oportuno tudo será esclarecido e cada um sofrerá as consequências dos próprios atos”, ressalta.   

Ela ainda garante não ter recebido nenhuma notificação sobre indiciamento e que continua “a trabalhar na mais perfeita normalidade em cidades das províncias de Florença e Arezzo”.   

“Grande parte dos documentos foi devolvida a alguns municípios, sem nenhuma restrição”, diz. Piloto está na Itália há 23 anos e há cinco passou a atuar de maneira mais específica no reconhecimento de cidadania. A assessora nega que sua empresa tenha oferecido residências fictícias a pessoas que buscam a nacionalidade italiana e garante que seus clientes permaneceram como “residentes de fato” durante todo o processo.   

Além disso, alega que todos os seus contatos com funcionários dos municípios sempre foram “estritamente profissionais, caracterizados por um regime de cordialidade e respeito”.   

Segundo Piloto, a investigação não provocou prejuízos a suas atividades.   

“Afirmo, porém, categoricamente, que a reportagem em que fui citada, tal como foi editada no Brasil, está produzindo efeitos muito negativos, porque, como já disse, contém informações errôneas, incompletas e tendenciosas”, acrescenta.   

Vale ressaltar que em nenhum momento a matéria diz que Piloto ou mesmo Pelagi são culpados ou foram condenados. Apenas relata a incontestável existência de uma investigação. A Justiça da Itália já deflagrou neste ano diversas operações diferentes contra supostas irregularidades no reconhecimento de cidadania italiana, sobretudo para brasileiros. Entre janeiro e abril, foram pelo menos três, que não têm ligação uma com a outra nem com o caso de Rignano sull’Arno, mas indicam um cerco maior das autoridades sobre os processos para obtenção de dupla nacionalidade.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios