
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou ser impossível “não reconhecer uma obstinação em matar indiscriminadamente” na Faixa de Gaza, ao comentar a justificativa israelense de “erros involuntários” durante os ataques no enclave.
“O inacreditável bombardeio da Paróquia da Sagrada Família em Gaza foi considerado um erro. Durante séculos, de Sêneca a Santo Agostinho, fomos lembrados de que ‘errar é humano, perseverar é diabólico'”, ironizou Mattarella, citando outros “erros” que atingiram “ambulâncias e mataram médicos e enfermeiros em atendimento a feridos; que alvejaram e mataram crianças sedentas em filas para conseguir água; [assim como] tantas pessoas famintas em filas para buscar comida”.
“É difícil ver uma repetição involuntária de erros e não reconhecer uma obstinação em matar indiscriminadamente”, declarou o presidente italiano, sem citar Israel.
O chefe de Estado também lembrou o crescimento generalizado da fome em Gaza, que atinge não apenas a população palestina, mas também jornalistas e funcionários de instituições de ajuda humanitária.
“É desumano condenar a população de Gaza à fome”, lamentou-se Mattarella, criticando ainda as mortes de profissionais da imprensa no enclave, os quais foram definidos como “mártires da causa da liberdade de informação”.
“É até óbvio dizer que a situação em Gaza está se tornando mais grave e intolerável a cada dia. Esperamos que as pausas anunciadas tragam espaços efetivos de cessar-fogo”, concluiu Mattarella.
As declarações do presidente foram dadas durante a cerimônia do “Ventaglio” (cerimônia do “Leque”) no Palácio do Quirinale, sede da presidência italiana, em Roma.
O evento é uma tradicional homenagem política realizada anualmente entre o fim de julho e o início de agosto, antes do recesso parlamentar, em que os presidentes da República, da Câmara e do Senado recebem um leque cerimonial entregue pela Associação de Imprensa Parlamentar (ASP).