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Pressionado, Berlusconi pode ter de mudar gabinete na próxima semana

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi se agarra ao poder apesar do caos político em que está mergulhada a Itália, devido à saída anunciada de vários ministros de Estado, às pressões para que renuncie ao cargo e às revelações sobre sua nada discreta vida sexual.

O magnata e chefe de governo italiano, que passou parte da semana na Coreia do Sul por ocasião da cúpula do G20, se recusa a renunciar e abrir uma nova fase de negociações, após ter perdido apoio de um de seus principais aliados, Gianfranco Fini, presidente da Câmara de Deputados.

Os dissidentes da coalizão de direita de Berlusconi, chamados "finianos" em alusão a Fini, confirmaram que retirarão um ministro, vários vice-ministros e dois secretários de Estado, o que forçará o premiê a mudar seu gabinete.

Uma guerra de moções, uma favorável no Senado, onde o primeiro-ministro goza de ampla maioria, e outra contra, apresentada pela oposição de esquerda na Câmara de Deputados, onde perdeu a maioria, retratam o clima de confusão e ansiedade que predomina na península e que muitos editorialistas qualificam de "fim de um regime".

Após três horas de reunião, o alto escalão do Partido da Liberdade (PdL) ergueu uma verdadeira muralha de proteção ao redor de seu líder e advertiu que não aceitará formar um novo governo "com outro premier".

Para acalmar os ânimos, o porta-voz do PdL na Câmara de Deputados, Fabrizio Cicchitto, prometeu que será verificado se o governo goza de maioria no Parlamento e, se o apoio se confirmar, "se seguirá adiante".

Chichitto quer que se respeite o calendário e se vote primeiro a lei orçamentária, "uma prioridade em um momento de crise econômica", e adiar as votações das moções, o que serviria para evitar eleições antecipadas ou a formação de um governo "técnico", com duração limitada.

O semanário "L'Espresso" traz, na capa da edição desta sexta-feira, uma foto da estátua do imperador romano Berlusconi que desmorona, resumindo em uma imagem a sensação que muitos observadores, cientistas políticos e editorialistas descrevem como "o desmoronamento geral".

"O colapso de Pompeia, as inundações no Veneto, a agonia da maoria, a economia paralisada, sem falar das prostitutas e das 'bunga bunga' (orgias). É preciso reconstruir a Itália", resumiu a revista.

Além das brigas entre a chamada casta política, das quais não se pode prever o resultado, o principal líder do país há quinze anos está afundado na desmoralização.

"Berlusconi está com as horas contadas. Em pouco tempo a Itália se livrará de um câncer que tem destruído a economia nacional, desonrado as instituições e manchado os valores morais", disparou Leoluca Orlando, do movimento anticorrupção "Itália dos Valores".

Os excessos e abusos do magnata das comunicações no exercício do poder tem suscitado críticas e protestos de meios de comunicação, industriais e inclusive da Igreja italiana.

Dois vídeos divulgados esta semana, nos quais jovens esculturais são vistas entrando na residência privada do primeiro-ministro sem serem submetidas a controles, contribuíram para sujar ainda mais a imagem de Berlusconi, já gravemente afetada após o escândalo Ruby, uma menor de idade marroquina.

Este caso revelou que o chefe do Executivo chegou a intervir junto ao poder policial para liberar a jovem, acusada de roubar euros e jóias de uma amiga.

A Comissão Parlamentar italiana para a Segurança (Copasir) pediu a presença de Berlusconi para explicar seu sistema de segurança, devido à presença de "muitas pessoas", boa parte prostitutas de luxo, em suas residências.

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