Catolicismo Romano

Rabino de Roma critica fala do Papa Francisco em audiência geral

O rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, se uniu aos líderes judaicos de Israel e criticou a fala do papa Francisco ao citar a Carta de São Paulo aos Gálatas durante duas audiências gerais no Vaticano.

“O problema está na linguagem que afeta a forma que determinadas mensagens que têm um fundamento sacro na religião são transmitidas em uma audiência geral. Assim como essas antigas mensagens foram a base de visões hostis no qual o judaísmo é apresentado como uma religião superada, formalista, legalista, sem princípios morais na prática cotidiana, então, todas essas mensagens se forem apresentadas de maneira simplificada, sem fazer as devidas distinções, elas se tornam veículo de hostilidade”, disse Di Segni à ANSA ao comentar a polêmica.

Segundo o rabino, o que os líderes da religião querem é que “seja dada uma atenção à linguagem, sem renunciar a nada dos fundamentos”, já que “não podemos pedir isso, mas simplesmente, que seja dada a atenção a como são transmitidas as mensagens”.

Questionado pela agência Ansa se deseja que haja um esclarecimento público das autoridades católicas, Di Segni desconversou e disse que “espera que no futuro alguns temas tenham certa sensibilidade”.

Além de falar sobre o caso durante um evento em Roma, o rabino-chefe ainda publicou um artigo no jornal “La Repubblica” em que critica as falas do Papa. “Discussões de dois mil anos importam porque podem ser objeto de predicação ao grande público, abrindo cenários problemáticos […] porque propõem novamente termos simplistas a contraposições antigas, o que comporta o risco de confirmar estereótipos hostis”.

A polêmica começou no fim de agosto, após o presidente da Comissão do Grão-Rabinato de Israel para o Diálogo, o rabino Rasson Arousi, enviar uma carta para o Vaticano, mais especificamente para o cardeal Kurk Koch, que lidera o Conselho para a União dos Cristãos e a Comissão de Relação Religiosa com o Judaísmo, dizendo estar “preocupado” e “angustiado” com a leitura da epístola durante uma audiência geral.

Para Arousi, conforme repercutiu o site católico “Il Sismografo”, a fala do líder da igreja deu a entender que a “lei judaica está obsoleta”.

Oficialmente, a Santa Sé não comentou o caso. Mas, na audiência geral o Pontífice deu uma espécie de indireta ao abordar a segunda parte da mesma Carta de São Paulo aos Gálatas.

Dizendo que continuaria com a explicação, Francisco afirmou que o que comenta “não é uma coisa nova, uma coisa minha” e que “estamos estudando o que disse São Paulo em um conflito muito sério com os Gálatas”.

“Essa é simplesmente uma catequese sobre a palavra de Deus, expressa na Carta de Paulo aos Gálatas. Não é qualquer coisa. Tenham sempre em mente isso”, acrescentou.

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